Atletas e professores de artes marciais clamam por reconhecimento social Segmento reivindica regulamentação da profissão e luta por apoio oficial como contrapartida ao valor que agrega à sociedade, especialmente a crianças e adolescentes.

28/03/2019 17h42 | por Vanderlei Rebelo
Propostas de incentivo e patrocínio foram debatidas durante a audiência pública na ALEP.

Propostas de incentivo e patrocínio foram debatidas durante a audiência pública na ALEP.Créditos: Dálie Felberg/Alep.

Propostas de incentivo e patrocínio foram debatidas durante a audiência pública na ALEP.

A audiência pública realizada nesta quinta-feira (28) à tarde na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) traçou um retrato vívido das artes marciais no Paraná: em inúmeros depoimentos e testemunhos, professores, atletas e dirigentes falaram de seus sonhos e frustrações, anseios e necessidades.

Grande parte do debate – realizado por iniciativa do deputado Alexandre Amaro (PRB) – se concentrou nos mecanismos de patrocínio esportivo, na necessidade de ampliação das políticas públicas de apoio às lutas marciais e nas ferramentas de acesso à lei estadual de incentivo ao esporte, cujo edital deste ano prevê a liberação de R$ 8 milhões em recursos para o setor como um tudo, conforme explicou o superintendente da Paraná Turismo, Hélio Wirbiski.

Mas outras intervenções chamaram atenção para um meio esportivo profissional que sofre com o preconceito e busca algum tipo de reconhecimento a seu papel social. “Os esportes não-olímpicos merecem ser vistos com um olhar mais atencioso”, afirmou o professor Edinei Pedroso, da Federação Paranaense de Muay Thai e líder da equipe World Strong.

Roney Cesar de Oliveira, da Associação de Funcionários do TRE, disse que as artes marciais amargam preconceito social e enfrentam obstáculos para obter maior visibilidade. Segundo o presidente da Federação Paranaense de Jiu Jitsu, Marcos Antonio de Oliveira, “quando o cara deslancha na carreira, geralmente vem de classes mais altas”. Oliveira disse que o Jiu Jitsu é reconhecido em outros países “de uma forma que não ocorre no Brasil”, onde a modalidade foi criada, no início do século XX.

Talentos – Alexandre Caldas, o He-man, presidente da Federação Paranaense de Lutas, contou que Curitiba se consolidou como celeiro de talentos nas artes marciais e polo nacional de eventos do setor. Já o professor Roberto Picinini disse que a capital paranaense tem hoje a maior concentração de mestres de artes marciais e esporte de contato no País – um dos veteranos entre eles, o grão-mestre Kang, sul-coreano radicado em Curitiba, disse em seu português vacilante que deu aulas de hapkido ao ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Por isso, Picinini reivindica que o Governo abra as portas das escolas da rede estadual aos professores de lutas. “Temos que entrar nas escolas. Isso é o essencial”, salientou Picinini. Logo depois que disse estas palavras, o deputado Amaro leu uma carta que ele e seu colega na Comissão de Esportes da Assembleia, deputado Subtenente Everton (PSL), vão enviar ao governador Carlos Massa Ratinho Júnior em que pedem a contratação, o mais breve possível, de professores de artes marciais nas escolas estaduais.

Antes disso, o mestre Fábio Noguchi, presidente da Federação Paranaense de MMA, havia reivindicado a regulamentação da profissão de professor de artes marciais. “Nós agregamos valor à sociedade. Acredito que temos um papel importante na vida de muitos jovens, crianças e adolescentes que, de outra forma, seriam atraídos pelo tráfico e o crime”, disse Noguchi. “O mínimo que podemos esperar é que nossa profissão esteja lá no rol do Imposto de Renda, legalmente reconhecida”, ele acrescentou.

Documento – Mais de cem pessoas lotaram o pequeno plenário da Assembleia para participar da audiência pública – a grande maioria delas alunos, atletas, professores, dirigentes e profissionais ligados às artes marciais. O clima frio e chuvoso não afugentou representantes que vieram de vários municípios da Região Metropolitana e até do litoral, além de Curitiba. “Não poderíamos querer um evento mais inclusivo de todas as categorias e segmentos”, disse o deputado Subtenente Everton. “Todos vocês vivem aqui o sonho de atletas que um dia poderão representar o Paraná e o País”, ele afirmou.

Ao final da audiência, o deputado Alexandre Amaro informou que as propostas, sugestões e ideias expostas no debate serão alinhadas e sistematizadas num documento que deverá lançar as bases de um novo momento para as artes marciais no Paraná. “Isso aqui é só o pontapé inicial”, disse ele. “Temos muito trabalho pela frente, mas o esforço articulado de vocês, com o apoio da Assembleia e do Governo estadual vai estimular o fortalecimento do esporte”, afirmou Amaro.

 

 

 

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