Deficiente visual, artista plástica fala sobre preocupação em tornar a arte mais acessível Em entrevista à TV Assembleia, artista Teca Sandrini conta sobre o trabalho de transformar o Museu Oscar Niemeyer em um espaço mais inclusivo.

20/10/2022 14h24 | por Thiago Alonso
Em entrevista à TV Assembleia, artista Teca Sandrini conta sobre o trabalho de transformar o Museu Oscar Niemeyer em um espaço mais inclusivo.

Em entrevista à TV Assembleia, artista Teca Sandrini conta sobre o trabalho de transformar o Museu Oscar Niemeyer em um espaço mais inclusivo.Créditos: Orlando Kissner/Alep

Em entrevista à TV Assembleia, artista Teca Sandrini conta sobre o trabalho de transformar o Museu Oscar Niemeyer em um espaço mais inclusivo.

“Somos um filtro de tudo. É difícil imaginar um deficiente no museu. Pensar isso é uma coisa, mas passar por isso é diferente”. A frase é da artista plástica, pintora e escultora Teca Sandrini, uma das mais renomadas da arte paranaense. Nascida em Curitiba em 1944, Teca começou a perder a visão já adulta. A deficiência trouxe todo um novo contexto para sua vida e obra. Influenciou até seu trabalho quando foi diretora cultural de um dos museus mais importantes do Estado, o Museu Oscar Niemeyer (MON).

Neste período, entre 2011 a 2017, ela aliou a organização de exposições com a adequação dos recursos de acessibilidade do Museu, sobretudo para deficientes visuais e pessoas com baixa visão. Com isso, aumentou o número de visitantes com deficiência no MON. “Eu não vejo a arte distante de qualquer movimento que não seja as pessoas. Isso para mim é um lema muito grande. Quando entrei no Museu, quis deixá-lo acessível para todas as pessoas, principalmente para os deficientes visuais”, contou Teca Sandrini, convidada desta semana do programa Arte & Cultura na Assembleia, da TV Assembleia. O programa vai ao ar às sextas-feiras, às 11 horas, com reprises ao longo da semana.

Com o objetivo de tornar a arte mais inclusiva para pessoas deficientes, ela iniciou um trabalho dentro do MON para transformar o espaço. “Toda gestão, de qualquer espaço, tem de pensar nos deficientes. Fizemos um trabalho interessante. Começamos a trabalhar com todos os funcionários, que participaram do projeto. Qualquer funcionário seria capaz de receber deficientes. Conseguimos assim aumentar muito a visitação ao Museu”, exemplificou.

Este trabalho de Teca, que permitiu muita gente visitar o MON, só foi possível após o processo de perda a visão. “Enxerguei até os 50 anos. Na época, comecei a pintar só ao redor dos quadros. Foi quando percebi que estava perdendo a visão. Perdi 70% da visão de um dia para o outro. Hoje, não vejo nada, vejo muito pouco. Vejo mais luz que escuridão. Ela é branca, muito iluminada. A luz me cega mais que o escuro”, revelou.  

A história de Estela Sandrini nas artes começou com um mestre. “Desenho desde criança, mas com 16 anos passei a ter aulas com Guido Viaro. Foi a pessoa mais incrível e um grande professor.  Isso norteou toda a minha vida”, contou. Em 1967, formou-se na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP). Após esta experiência inicial em Curitiba, estagiou em ateliês na Argentina e nos Estados Unidos.

Sua obra é marcada por temas como a divisão dos papéis de mulher, mãe, artista e profissional. Casada e mãe de três filhos, conciliou durante toda a vida entre estes mundos. “Fui contando a história de nós, mulheres, que temos a jornada dupla, trabalhando em casa e fora. Tive a liberdade muito grande de contar estas histórias. Descobri o sentido do meu trabalho, que é de uma mulher esperando a hora dela”, refletiu.

Além da criação, ela trabalhou como professora da Escola de Música e Belas Artes e conselheira da Fundação Cultural de Curitiba, do Museu de Arte do Paraná, do Museu de Arte Contemporânea do Paraná, entre outras instituições. Teca Sandrini participou de exposições nas principais cidades brasileiras, como Foz do Iguaçu, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Florianópolis, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte. Já no Exterior, expôs seu trabalho em Cleveland, Baden-Baden, Baltimore, Gaithersburg, Riverdale, Washigton, Dallas, Odessa, Filadelfia, Miami, Madri e Lyon.

Mesmo com toda esta história, Teca Sandrini disse que a pintura ainda faz parte do seu cotidiano. “É claro que não produzo como produzia, mas eu continuo pintando. Pintando muito. É uma ânsia de viver. É o que sinto quando estou em meu ateliê”.  

 

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