
Durante a audiência pública realizada nesta segunda-feira (25) na Assembleia Legislativa do Paraná, para apresentação das metas fiscais do 1º quadrimestre de 2025, pelo secretário da Fazenda, Norberto Ortigara, o deputado estadual Goura (PDT) pautou duas questões estratégicas para o Paraná.
A primeira sobre a ampliação das relações comerciais com a China, com foco em inovação, sustentabilidade e reorientação geopolítica; e a segunda, sobre necessidade de políticas públicas articuladas para enfrentar a crise hídrica e garantir a preservação das bacias hidrográficas do estado.
Parcerias com a China
“Eu estive recentemente em visita à China, numa comitiva de parlamentares, a convite do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Visitamos experiências de pesquisa ligadas à agricultura, ao tratamento de resíduos, e também tivemos uma reunião com o embaixador do Brasil na China”, destacou Goura.
O deputado relatou conversas com representantes do Partido Comunista Chinês (PCC) e apontou uma disposição concreta para ampliar as relações. “A minha sugestão é que o governo do Paraná facilite esse diálogo com atividades práticas, com workshops que demonstrem a possibilidade dessas trocas comerciais.”
Para Goura, a conjuntura internacional reforça a importância desse alinhamento. “A China é o principal parceiro comercial do Brasil e do Paraná, e nesse reordenamento da geopolítica mundial que os Estados Unidos vêm provocando, a relação com a China se torna ainda mais estratégica”, afirmou.
Goura destacou o potencial de cooperação entre o Paraná e o país asiático em áreas como agricultura de precisão, compostagem, tratamento de resíduos e tecnologias ambientais.
“Essa reorganização da geopolítica global abre espaço para fortalecer nossa relação com a China. Existe do outro lado uma disposição concreta de ampliar os laços. Cabe ao Paraná criar mecanismos práticos para isso.”
O deputado propôs que o governo estadual promova oficinas, missões empresariais e canais de aproximação entre empreendedores paranaenses e o ecossistema chinês, com o objetivo de ampliar a presença do Paraná no mercado internacional e diversificar suas exportações com valor agregado.
Em resposta, o secretário Norberto Ortigara confirmou o interesse do governo estadual em aprofundar a relação bilateral. Segundo ele, a China é hoje o principal destino das exportações de soja e milho do Paraná, e há espaço para políticas que incentivem o processamento agroindustrial dentro do estado, evitando a simples exportação de grãos in natura.
“A opção é o livre comércio, mas com estímulo à agregação de valor aqui. Recebemos investimentos, missões, e temos espaço para ampliar essas trocas, desde que respeitados os marcos legais e estratégicos de soberania”, disse Ortigara.
Desafios da crise hídrica
Na segunda parte de sua intervenção, Goura questionou a ausência de articulação interinstitucional para enfrentar a emergência hídrica no estado. Ele defendeu a integração entre a Secretaria da Fazenda, a Secretaria do Desenvolvimento Sustentável (SEDEST) e o Instituto Água e Terra (IAT) para a construção de uma política sólida de preservação das bacias hidrográficas e ampliação dos pagamentos por serviços ambientais.
“O Paraná é referência com o ICMS Ecológico, mas precisamos dar um salto. Onde há floresta, há água. E onde há água, há futuro. O orçamento público precisa refletir essa prioridade”, afirmou.
Segundo o deputado, é fundamental implementar uma política transversal entre as áreas de Fazenda, Meio Ambiente e Agricultura, com foco na proteção das bacias hidrográficas e no estímulo à conservação por meio de instrumentos econômicos.
Ortigara reconheceu o agravamento das perdas agrícolas associadas à escassez de água e reforçou que produzir, guardar e infiltrar água no solo é uma agenda inadiável.
“O tema da segurança hídrica exige ação coordenada e instrumentos de financiamento público. Já estamos utilizando o Banco do Agricultor Paranaense para apoiar práticas que aumentem a eficiência produtiva e reduzam riscos”, explicou Ortigara.
A audiência integra o calendário da Lei de Responsabilidade Fiscal e teve como objetivo garantir transparência, controle social e responsabilidade na gestão dos recursos públicos. A Secretaria da Fazenda apresentou os dados relativos à arrecadação, despesas, investimentos e resultados fiscais do período.
Prioridades no Orçamento
Ao final, Goura reforçou a necessidade de alinhamento entre as políticas fiscal e ambiental. “O orçamento público precisa refletir essa prioridade. Não se trata apenas de números. O orçamento define o que o estado escolhe preservar — e o que decide ignorar”, concluiu.