"Desafio Detox Digital Brasil". Por que os governos têm que se preocupar se a tecnologia é boa ou ruim? Paraná sai na frente e é o primeiro estado a aderir ao programa “Detox Digital”. O lançamento foi na manhã desta segunda-feira (8) na Alep, em parceria com a CRIAI.

08/07/2019 13h51 | por Claudia Ribeiro
Solenidade marcou o lançamento do programa Detox Digital no Paraná. Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente, do Idoso e da Pessoa com Deficiência da Alep é parceira na proposta.

Solenidade marcou o lançamento do programa Detox Digital no Paraná. Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente, do Idoso e da Pessoa com Deficiência da Alep é parceira na proposta.Créditos: Orlando Kissner/Alep

Solenidade marcou o lançamento do programa Detox Digital no Paraná. Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente, do Idoso e da Pessoa com Deficiência da Alep é parceira na proposta.

Que a tecnologia e seus avanços trouxeram inúmeros benefícios para a sociedade, ninguém duvida, mas o uso excessivo das ferramentas da rede mundial de computadores, principalmente por crianças e adolescentes, é alvo de discussões. Com esse pensamento, foi lançado no dia 4 de julho, em âmbito nacional, pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, o programa “Desafio Detox Digital Brasil” e em nível estadual, o Paraná é o primeiro estado a adotar o programa, lançado na manhã desta segunda-feira (8), no Plenário da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Aqui chamado de “Detox Digital Paraná”.

O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, Adolescente, Idoso e Pessoa com Deficiência (CRIAI), deputado Cobra Repórter (PSD), uma das parceiras do programa, ao lado da Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho (SEJUF/PR) e Instituto Tecnologia e Dignidade Humana,  anunciou ações que já estão sendo adotadas e que ainda devem acontecer no Poder Legislativo, como por exemplo, um projeto de lei que prevê a inclusão no Calendário Oficial de Eventos do Paraná uma semana dedicada à orientação de jovens na comunidade e nas escolas,  por meio de palestras, seminários e workshops, da melhor forma de utilizar a tecnologia. “Claro que o nosso desafio é diário, mas criar um período específico para esse debate, serve para mostrar que estamos combatendo os exageros tecnológicos cometidos pela população”, observa. 

O programa no Paraná faz parte das 12 ações da força-tarefa criada em fevereiro pela Secretaria da Justiça, com a implementação do “Pacto Infância Segura”, em conjunto com as Secretarias da Educação e da Saúde, além da Defensoria Pública, Ministério Público do Paraná, OAB/PR, Associação dos Conselhos Tutelares, Tribunal de Justiça, Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente, Conselho Regional de Psicologia, prefeituras e universidades. Um braço desse trabalho é a prevenção de crimes sexuais com crianças e adolescentes. O coordenador e representante do secretário estadual de Justiça, Família e Trabalho, Ney Leprevost, no lançamento, Felipe Eduardo Hideo Hayashi, ressaltou que o grupo reconhece o aumento de casos concretos, como o vício de jogos pelas crianças e adolescentes que resultaram em atentados e assassinatos em escolas.  “O que nós estamos fazendo para combater isso? Não podemos nos omitir. Precisamos implantar uma forma de controle mais efetivo de um uso mais saudável e efetivo da internet”, disse.

Ao longo do evento, foram realizadas palestras sobre temas como  transtorno eletrônico, ciberbullying, aliciamento, nomofobia, pedofilia e o uso consciente do celular no trânsito, proferidas por  Daniel Celestino, coordenador-geral de Enfrentamento a Vícios e Impactos Negativos do Uso Moderado de Novas Tecnologias da Secretaria Nacional da Família, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos; Angela Christianne Lunedo de Mendonça, diretora do Departamento de Políticas Públicas para Criança, Adolescente e Idosos da Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho; Cineiva Campoli Paulino Tono, doutora em Tecnologia e Sociedade e assessora pedagógica do programa Reconecte, do Ministério da Mulher e assessora técnica do Departamento de Justiça da Sejuf/PR; Maurício Nasser Ehlke, médico psiquiatra infantil, especialista no atendimento de crianças e adolescentes; e Iolanda Maria Novasdzki, médica pediatra, que atua na Divisão de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde. 

O objetivo da campanha no Paraná é, além das palestras e seminários, formar multiplicadores junto aos 32 Núcleos Regionais de Educação e profissionais das áreas de saúde, justiça, segurança pública e assistência social em todo o estado. A mobilização, tanto nacional como estadual, visa promover a utilização ética, saudável e segura da internet. A elaboração do projeto do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, contou com a assessoria de profissionais paranaenses, como a doutora Cineiva. Para ela, “os avanços tecnológicos são importantes. Não somos contra, mas é preciso orientação desde cedo para garantir a proteção integral das crianças e adolescentes, para aproveitarmos bem os benefícios que a era digital oferece”, destacou.

Tecnologia: mocinha ou vilã? “Não queremos demonizar a tecnologia, mas sim os seus efeitos colaterais”. Foi assim que começou a palestra do representante do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Daniel Celestino. O intuito do projeto é, segundo o coordenador-geral do Reconecte, garantir o bem-estar dos usuários da tecnologia. O uso inteligente da tecnologia, na opinião dele, é um desafio para as famílias e escolas. Por isso, a mobilização é fundamental.  E responder as perguntas como: “Por que o Governo deve se preocupar? Como o mundo vem tratando esse tema e  o que o Ministério vai fazer? É outro desafio, afinal, a humanidade caminha para conectar cada vez mais as pessoas. Entre os benefícios, Celestino apontou, a agilidade na informação, a importante evolução nos recursos tecnológicos a favor, por exemplo, da saúde, com acessibilidade e cirurgias à distância; medicamentos eficazes; a inteligência artificial, como as impressoras 3D. O problema, é que centenas de estudos apontam que as famílias vêm sendo afetadas de forma negativa pela internet. Enquanto a média de uso mundial da rede é de 6 horas e 40 minutos por dia, no Brasil, ela ultrapassa nove horas diárias. As consequências: ansiedade, vícios e um segundo lugar no ranking em crimes cibernéticos: ciberbullyng, crimes sexuais, estupros virtuais.

Além disso, um outro levantamento, da Sociedade Brasileira de Pediatria, apontou um aumento na falta de socialização, de autoagressão e suicídio entre crianças e adolescentes.  “A tecnologia entra na vida das pessoas quando as relações familiares não cumprem suas funções”, alertou o psiquiatra infantil, Maurício Nasser Ehlke.

As Soluções apontadas - Com o Reconecte, se espera obter o uso moderado da tecnologia. O público alvo do programa é a família, com extensão para os educadores. Entre os eixos estão a priorização das relações; a responsabilidade digital; o equilíbrio, inclusive no trânsito; a saúde física e mental; a segurança digital. Ou seja, criar uma cultura digital, com a educação digital.
Os meios para a propagação do programa serão os veículos de comunicação, governos, escolas e instituições públicas. As ações estão sendo planejadas para os próximos quatro anos.
Com isso, os resultados esperados são: a melhoria das relações familiares; as amizades reais; o uso consciente da tecnologia, deixando por último, o uso dela para o entretenimento.

Que tal um dia inteiro sem tecnologia? - Esse é um dos eixos do programa Reconecte. Convidar a sociedade para passar um dia inteiro sem o uso da tecnologia é outro desafio, dizem os especialistas, em um momento em que é mais comum do que se imagina encontrar os chamados “dependentes digitais”. Um dia, duas horas, 30 minutos sem tecnologia podem causar os mesmos efeitos psicológicos observados em um viciado em drogas ou bebidas. “Nós médicos recomendamos aos pais um limite no acesso às telas, principalmente, no horário das refeições, na hora de ir para a cama.  Vitamina “N” é a receita: “N” de natureza. Caminhadas, contatos sociais, sem dúvida, são o caminho”, enfatiza a médica pediatra Iolanda Maria Novadzki.

Os números da conectividade
- 30% das crianças com menos de 2 anos já utilizam tablets e smartphones.
- 75% das crianças com menos de 8 anos têm acesso aos dispositivos tecnológicos.
- Mais de 400 Milhões de pessoas no mundo são dependentes virtuais.
(Fonte Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos)

 

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