Bolachas, bolos, sucos, doces e salgados, tudo sem glúten... Quem veio até a Assembleia Legislativa na manhã desta sexta-feira (19) para assistir às palestras que celebraram o Dia Estadual do Celíaco, pôde antes degustar esse café da manhã pra lá de saudável, que foi servido no Espaço Cultural. As empresas passaram a fabricar esse tipo de produto desde que a doença celíaca ficou conhecida. Com isso, a Associação Brasileira dos Celíacos avalia que o número de pacientes que conseguiram fechar o diagnóstico no país chega a 1% da população. No Paraná, ano passado, entraram em vigor duas leis aprovadas na Assembleia, que foram apresentadas pela deputada Cláudia Pereira (PSC): uma que obriga que os estabelecimentos comerciais informem por meio do Selo Sem Glúten quando tiverem esses produtos para vender e a que institui o 20 de maio como Dia do celíaco, comemorado nesta sexta na Casa. Este já o segundo ano do evento e a parlamentar se diz empolgada com a participação do público e aproveita para lembrar a importância da data.
(Sonora)
Participaram médicos, nutricionistas, psicólogos, familiares e portadores da doença celíaca. Entre eles, a Janaína Santos, que descobriu só aos 23 anos a doença. E resolveu estudar nutrição para compreender melhor a doença, experimentar novas receitas e para poder ajudar outros pacientes, que, como ela, não têm informação.
(Sonora)
Assim como ocorre no Brasil, no mundo, a doença celíaca também atinge em torno de 1% da população, porém, esse número aumenta para 20% a 30% se já houver predisposição genética. Com a Adriane Ferrarini foi assim. Ao saber que era portadora da doença, há três anos, acabou descobrindo que os filhos gêmeos, de 9 anos, Pietro e Felippo, também eram celíacos. A rotina em casa passou por uma mudança total.
(Sonora)
A doença afeta o intestino dos pacientes, que não tolera alimentos que contenham glúten produzindo células de defesa que provocam reações alérgicas e causam sintomas como diarreias e vômitos constantes, emagrecimento, anemias... que são confundidos com sintomas de outras doenças. Por isso, muitos dos pacientes demoram para ter o diagnóstico, o que dificulta o tratamento e pode até desencadear doenças mais graves, já que os outros órgãos ficam enfraquecidos. Nesse caso, explica uma das palestrantes, a doutora Lorete Kotze, especialista em Gastroenterologia adulta e Pediátrica, que trabalha há vinte anos no tratamento de celíacos, a orientação e o diagnóstico precoce são fundamentais. Por isso, a importância dos profissionais que atuam nessa área, se capacitarem.
(Sonora)
O tratamento é um só: retirar o glúten da dieta. Significa não ingerir produtos feitos à base de trigo, aveia, cevada e centeio. Tainara não conhece nem o gosto desses alimentos, porque foi diagnosticada com pouco mais de um ano. Por isso, hoje, aos 17, ela conta que leva uma vida normal.
(Sonora)
Quem prepara as refeições é a mãe, Dorveli de Lima, que parou de trabalhar fora para se dedicar ao cuidado com a filha. Ela diz que está sempre buscando coisas novas para complementar a dieta sem glúten.
(Sonora)
Mas nem todos se acostumam a essa alimentação diferenciada. Foi para falar sobre essa adaptação que a psicóloga Dinadéia Brandalizze abordou o tema. Disse que alterar a alimentação representa uma mudança de comportamento em todos os sentidos. Ela falou por exemplo, que o portador da doença celíaca precisa aceitar a nova realidade para ter mais qualidade de vida para não se sentir excluído.
Qualidade que pode se estender a quem não tem intolerância ao glúten. Uma alimentação balanceada proporciona equilíbrio ao organismo. Foi sobre o que falou outra palestrante do evento, a nutricionista funcional Camila Mercali. Substituir gorduras e outras substâncias que, a longo prazo, podem causar doenças graves como o câncer, e não ingeri-las em excesso foram algumas das boas dicas que ela deixou ao público. Camilla explica que o alimento certo é capaz de equilibrar o funcionamento de todos os órgãos.
(Sonora)
Ainda durante o evento, uma representante da Universidade Federal do Paraná disse que pessoas que tenham sido diagnosticadas com doença celíaca, intolerância à lactose e síndrome do intestino irritável podem se inscrever para que participem de uma pesquisa da instituição que pretende criar um banco de dados genéticos sobre essas doenças. Os interessados podem entrar em contato pelo e-mail angelicaboldt@gmail.com.
Da Assembleia Legislativa do Paraná, repórter Cláudia Ribeiro.