O governo do Paraná corre o risco de deixar um enorme passivo para as futuras gerações, fruto das intermináveis disputas judiciais, em cuja maioria sai como perdedor. O alerta foi feito ontem pelo presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), deputado Durval Amaral (PFL), ao ocupar a tribuna da assembléia.O comentário foi feito a propósito da vinda do governador Requião à Assembléia, ocasião em que fez um balanço dos três anos de governo. “Fiquei com a sensação que Deus criou o mundo em sete dias, ficou faltando o Paraná e o governo fez o Paraná nesta sua administração. Parece que aqui não existia nada e tudo foi feito neste governo”, avaliou Durval.Para o pefelista qualquer governo tem erros e acertos, mas o governador esqueceu-se do passivo que ele está deixando para as futuras gerações do Paraná, apesar da política de austeridade da Secretaria de Fazenda. “As dívidas que este governo tem gerado na Justiça, e que efetivamente o estado será condenado a indenizar, é ato de absoluta irresponsabilidade administrativa”, criticou. Dos males o menorEle citou como exemplo, a Copel, que busca agora um acordo para a adquirir a usina termelétrica da El Paso, em Araucária, pelo valor de R$ 350 milhões. Durval explicou que esta e outras usinas foram construídas no Brasil para viabilizar o gasoduto Brasil-Bolívia. “Existe gás disponibilizado, algo em torno de R$ 600 milhões, que o governo por mero capricho, retaliação ou pura irresponsabilidade, não colocou esta termelétrica em funcionamento. Preferiu uma demanda que está já perdida na Câmara Arbitral de Paris e agora busca uma negociação, que seria menos lesiva do que perder e ter que indenizar, como certamente aconteceria”. O deputado considera que esta seria só uma parte do problema. “Fica o questionamento: E a Petrobras? Vai comprar aquilo que não lhe pertence? Hoje a Copel deve mais de R$ 600 milhões para a Petrobras”.Ele também criticou a postura do governo em relação à Sanepar e ao Consórcio Dominó. “Mais uma medida totalmente irresponsável porque quem detém 60% do negócio, tem o controle acionário. Mas o governo prefere o discurso fácil, que vai gerar passivo, indenizações e as futuras gerações vão pagar”, reiterou.Outra falta grave, na opinião do deputado, foi o governador não mencionar a crise do pedágio. “Ele prometeu acabar com o pedágio, ou abaixar as tarifas mas aqui se limitou a dizer que o pedágio subiu menos no seu governo do que deveria ter subido”, disse Durval.Segurança por decretoAlém disso, o governo também peca na questão da segurança pública, na opinião do deputado. É louvável a aquisição de 2.500 viaturas, mas faltam pneus, gasolina, manutenção. Cidades como Cafiara, Lupionópolis, Sertanópolis e outras contam com apenas um policial. Corre-se o risco de ter mais viaturas na PM do que policiais efetivamente em serviço”, raciocina.Durval lembrou também que o governador Requião, quando era candidato, disse que a questão de segurança pública se resolveria por decreto ao se auto-indicar secretário da pasta. “Os índices de criminalidade em várias cidades do Paraná são imensamente maiores do que em anos anteriores. Nada disso surtiu efeito. Pode usar geo-processamento, estatísticas maravilhosas, mas a criminalidade campeia por todos os cantos”, afirmou.Durval aponta que este mesmo comportamento é observado quando o assunto é mortalidade infantil. “O Paraná tem diminuído este problema gradativamente, ano após ano, governo após governo. Mas o governador quer fazer parecer que a redução da mortalidade infantil é obra e graça deste governo”,diz.Outro grande problema que o governador passou ao largo na sua exposição foi o do desemprego. O deputado citou um estudo da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), que demonstra a diminuição do número de empregos no agronegócio paranaense, em função da crise que passa a agricultura do Paraná, seja pela aftosa ou pelos efeitos da estiagem. “A oferta de emprego tem diminuído ao longo de 2005 e tudo indica que este processo deva continuar este ano”, prevê Durval. Liderança da OposiçãoFone: 3350-4193Miguel Ângelo