O líder do Governo na Assembléia Legislativa, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), reforçou nesta sexta-feira (29) o convite ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, para uma audiência pública sobre a constante elevação dos custos dos produtos agrícolas. O convite deve ser feito pela mesa diretora do legislativo paranaense, mas ainda não tem data definido.Romanelli sustenta que os produtores estão muito preocupados com os preços dos insumos para a próxima safra e que Stephanes, autoridades do governo federal e os deputados do bloco agropecuário podem debater a questão no legislativo paranaense. “Estou conversando com os agricultores e percebo que os preços estão dobrando e até triplicando em alguns casos”, constatou Romanelli. E acrescentou que, “se o governo federal não agir rápido e muito duramente contra os que estão especulando com os preços dos insumos para a produção agrícola, haverá uma crise grave no setor no ano que vem”. SUPER SAFRA - Segundo Romanelli, o Paraná é um estado com uma agricultura altamente produtiva e os produtores vivem um bom momento nesta safra. “Mas há uma grande dúvida em relação à safra do ano que vem. Os preços estão dobrando e até triplicando e os agricultores e pecuaristas vão ter prejuízo na próxima safra se persistir a atual política de preços dos cartéis que controlam a venda de fertilizantes”, alertou. “Estamos vivendo um momento de superprodução”, observou o líder do Governo. “O Paraná vai voltar a ser o maior produtor de trigo do país, basta ver o quanto estamos produzindo: 2,7 milhões de toneladas das 5 milhões produzidas no país. É verdade que o estado já produziu muito mais, mas certamente vamos ultrapassar novamente as 30 milhões de toneladas de grãos nesta safra. Mas isso pode ser prejudicado pelos preços altos dos fertilizantes, que aumentam cada vez mais”, previu. MONOPÓLIO - O deputado Elton Welter (PT), do bloco agropecuário, lembrou que recentemente a bancada do PT na Assembléia realizou uma audiência pública para discutir os 15 anos de privatização do setor de adubos no Paraná. “Existe no setor de fertilizantes o monopólio de apenas duas empresas, a Bunge e a Cargil, que dominam o mercado”, explicou o deputado do PT.Welter afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, determinou que a Petrobrás, em parceria com a Vale do Rio Doce, realize um estudo para explorar as jazidas de fósforo e potássio existentes no país para enfrentar o monopólio que existe na área dos fertilizantes. As empresas que monopolizam a produção de fertilizantes, disse Welter, reservaram para elas a lavra das terras onde se encontram as jazidas de fósforo e potássio. “Elas querem dominar o setor e o Congresso Nacional terá que legislar sustando essas lavras, que já foram garantidas para esse setor privado ganancioso”, explicou. “Aqueles que sempre defenderam a privatização dos setores estratégicos da economia agora estão se rendendo à evidência de que a passagem do setor de fertilizantes para o setor privado se tornou maléfico para os agricultores, com preços absurdamente altos, o que em última análise traz problemas sérios para toda a sociedade”, completou.