Senhor presidente, parlamentares, Ouvi com muita atenção todos os pronunciamentos que foram feitos nesta manhã de quinta-feira aqui na Assembleia. Vários assuntos, senhor presidente, poderiam ser enfocados por mim, mas deixem que me referencie a uma afirmação do deputado (Antônio) Belinatti. Ele no seu pronunciamento afirmou, logicamente com dados que foram colhidos na imprensa, que os conselheiros da Petrobrás, dividindo-se os recursos que foram disponibilizados pelo número deles, que talvez cada um deles recebesse a quantia de praticamente R$ 1 milhão ao ano, quase que R$ 100 mil por mês. Acho que essas coisas precisam ser aclaradas, senhor presidente, mas gostaria simplesmente de ler o seguinte aqui, a lei 9.292/96, que está em vigor: Art. 1º A remuneração mensal devida aos membros dos conselhos de administração e fiscal das empresas públicas e das sociedades de economia mista federais, bem como das demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, não excederá, em nenhuma hipótese, a dez por cento da remuneração mensal média dos diretores das respectivas empresas. Então se nós nos atermos a esse texto, parece que os dados que foram colocados não são verdadeiros. Ainda mais, senhor presidente, que tenho aqui em mãos aquilo que recebe um conselheiro da nossa Sanepar. Recebe por mês, independente de quantas vezes se reunirem, R$ 4 mil. Então, seria um absurdo que os conselheiros da Petrobrás estivessem recebendo, como se afiançou aqui, em torno de R$ 100 mil ao mês. Ainda mais, parlamentares e demais que assistem esta sessão, olhem só o que ganha o presidente da Republica. O presidente da Republica hoje está recebendo R$ 11.239,24. Coloquem 30% de imposto de renda, mais isso, mais aquilo e ainda haverá gente sim dizendo que o Lula ganha demais. Assim como afirmam que nós deputados estaduais que temos um salário de R$ 12.384 a cada mês e vemos na imprensa que todo deputado tem 50 funcionários. Como se o jardineiro fosse funcionário meu e de todos os outros deputados. Como se o eletricista fosse meu funcionário e de todos os deputados. Ou cada deputado tem um eletricista? Então, não é assim. As coisas precisam ser olhadas de outra maneira. É como o deputado Mauro Moraes do PMDB, pelo menos por enquanto segundo ele disse, ao estar aqui na Tribuna nesta manhã. Senhor presidente, sai do Plenário para me dirigir a Presidência para solicitar o texto da mensagem enviada pelo Governador Requião para liquidar as pendências dos chamados títulos podres em referência a Alagoas. Porque o Governador de lá dirigiu uma correspondência a ele nesse sentido. Pois bem, o que o deputado Mauro Moraes, já de maneira intempestiva se referiu a mim: “está ai, agora que subo na Tribuna o Líder do PMDB está se retirando do Plenário”. Não é bem assim. É como antes de ontem o deputado Neivo Beraldin, vossa excelência, se insurgiu com o número que estava no painel e a presença dos deputados aqui. Veja bem, agora mesmo tinha uma delegação de trabalhadores que vieram de longe, lá da barranca do Rio Paranapanema. Vieram para Curitiba em busca dos seus direitos, de lutarem para terem melhores perspectivas de vida. Estão lá no meu gabinete, se já saíram não sei, porque estou aqui. Muitas vezes, deputados, presidente, todos vocês que estão vendo a TV Sinal sabem que temos que nos retirar aqui do Plenário para fazer esse atendimento. O presidente Nelson Justus está aqui nessa quinta-feira presidindo os trabalhos da Assembleia, mas muitas vezes ele tem que se retirar da Mesa, para atender, por exemplo, o Embaixador da Sérvia, que está visitando a Assembleia Legislativa ou alguma delegação de deputados de outros lugares que visitam a Assembleia, essa interação. Não podemos ser acusados de sermos irresponsáveis porque colocamos o nome no painel e depois saímos. Estou na liderança do PMDB mais uma vez, estou na presidência do partido. Muitas vezes você tem que se ausentar daqui. Quero falar a respeito do afastamento do deputado Mauro Moraes da Comissão de Segurança. A Casa tem dezenas de comissões, os partidos estão representados nessas comissões. Qual é o comprometimento do parlamentar nas comissões? Defender aquilo que o seu partido está propondo. O Governo do Estado, ele não se desliga de maneira total do partido ou da sua base de sustentação na Assembleia Legislativa. Temos rumos, objetivos e quando algum deputado de qualquer comissão, de qualquer partido se sentir além dos limites daquilo que é aceitável, ele precisa sim, ser afastado, se não para que partido, para que bancada, para que Governo, se todo mundo é igual em tudo àquilo que existe. Não é assim. O deputado Mauro Moraes não está sofrendo retaliação nenhuma, para ser afastado da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa. Ele tem todo o direito de continuar esposando as suas idéias, defendendo no extremo as suas convicções, mas quando esse comportamento, as suas convicções se chocam com a estância partidária ou da bancada, alguma coisa precisa ser feita, porque se não, não tem solução para nada. Senhor presidente, vossa excelência sempre tolerante na questão de proporcionar mais algum tempo para que possamos falar. Ligou-me agora pouco, antes das 9h, um companheiro meu do interior fazendo uma cobrança. “Olha, tenho visto na televisão da Assembleia e você não falou nada do falecimento do seu irmão, do Perseu Pugliese”. Não estou aqui para falar como irmão, estou aqui para falar como expectador, como político que fui e acompanhei a trajetória do Perseu Pugliese. Meu irmão tinha muito de identificação comigo nas idéias, não no estilo de fazer política. Me considero muitas vezes agressivo, radical, cada um tem a sua maneira de falar, de agir. Ele dizia o seguinte “o homem é o estilo”. Quer dizer, cada um tem o seu estilo. O Perseu Pugliese era um homem conciliador, foi vereador e foi duas vezes prefeito do importante município paranaense de Jandaia do Sul. Ele trabalhou no sentido de fazer com que as transformações que todos ansiamos pudessem chegar. Ele foi um exemplo, trabalhou durante todos estes anos tendo mandato ou não, no sentido de fazer com que todo o Vale do Ivaí pudesse trilhar caminhos do desenvolvimento, de um futuro cada vez melhor para aquela área que hoje está totalmente integrada à economia paranaense. Como faz vossa excelência atuando no Vale do Ivaí, senhor presidente, o Perseu fez esta caminhada. Ele foi embora, foi um cara decente, não deixa nada que possa – vamos dizer – macular sua caminhada política e me orgulho muito daquilo que ele fez na vida. Logicamente falei que nem gostaria de falar como irmão, mas como político, nesta atuação pública que ele teve. Mas, como irmão ele sempre teve a palavra de incentivo, de compreensão, como deve ser entre as famílias. E nós, políticos, muitas vezes, nos fragilizamos muito porque é um tiroteio sem parar durante – vamos dizer – durante toda minha vida, que tenho visto. Alguém para se altear um pouco precisa menosprezar o outro? Não, não é assim. Lembro que no passado falavam: “olha os marajás do serviço público”. Não é verdade. Se nós olharmos salários dos funcionários da Assembleia Legislativa, estão muito aquém daquilo que eles poderiam receber no setor público, não só do Estado do Paraná, em todos os lugares. Nós temos o objetivo, o ideal , mas o real ele está ali na frente. Nós batemos a cara, todos os dias, com a realidade objetiva, senhor presidente. Então, gostaria de dizer que o PMDB aqui na Assembleia Legislativa, através da sua bancada, quando toma esta decisão não está menosprezando o deputado Mauro Moraes, que tem uma presença política muito forte, principalmente aqui em Curitiba. Nós o respeitamos. Ele que continue fazendo sua caminhada em defesa daqueles que ele diz estar defendendo. Mas, que não faça das campanhas dele menosprezo das atividades dos outros deputados. Porque é fácil alguém quando recebe uma mensagem do Governo, que estipula um aumento, por exemplo, de 10%, apresentar de maneira irregular, inconstitucional, uma emenda, falando “não, o Governo está propondo 10, mas eu quero dar 50”. Aí ele aparece como sendo o único deputado que está defendendo, no caso específico mais recente, os policiais militares. Todos sabem que nós, parlamentares, o apreço que temos pela corporação. 150 anos de vida. É um patrimônio do povo do Paraná, a Polícia Militar. Agora, nos deparamos com uma realidade. Da mesma maneira que outro dia falei para nosso brilhante e querido deputado Luís Carlos Martins, quando dizia dos aumentos verificados através da Copel, nas suas faturas recebidas. “Deve ter algum engano, veja isso”. E o Luís Carlos Martins, com toda honestidade – porque ele é um homem extremamente honesto – teve conhecimento de que houve erro na elaboração daquelas cobranças efetuadas pela Copel. Concedo aparte ao deputado Neivo Beraldin.Neivo Beraldin (Aparte): Deputado Pugliesi, vossa excelência levanta o tema que acabei de levantar nestes próximos dias, que se refere à presença em Plenário. Olha hoje aqui a bancada do Governo. Onde ela está? Certamente está entregando ônibus, está entregando ambulância, mas não está aqui no trabalho, onde deveria estar. Porque o Regimento Interno diz que tal hora começa a sessão e tal hora termina. Então, compreendo perfeitamente, porque já fui vice-presidente desta Casa durante quatro anos, que o presidente tem, sim, essa prerrogativa, essa função de receber autoridades, embaixadores, colegas brasileiros, ministros, secretários e tudo mais. Isso há uma justificava razoável quando um parlamentar se ausenta, existe essa prerrogativa e é plausível que alguns se ausentem, como por exemplo, o Fábio Camargo, que está de licença, porque cheguei aqui no dia 25 de maio e ele participou de uma sessão em conjunto. Mas, vossa excelência tem que entender que não pega bem para a sociedade ver estas cadeiras vazias e também não pega bem essa situação que ocorre muito aqui na Casa, que são esses grupinhos que ficam conversando entre si, sobretudo quando vêm de uma vez só, na hora da votação, ao Plenário. Pega mal! Então hoje estamos altamente fiscalizados, porque temos a TV Mercosul. Vou concluir lembrando um outro assunto. Vossa excelência representa o PMDB aqui na Casa, que é Governo. Quanto ganha, por exemplo, um Conselheiro da Copel, da Sanepar? Aí nós poderíamos começar a discutir e conhecer esses assuntos, para chegarmos até a Petrobrás.Waldyr Pugliesi: Senhor presidente, concluo só dizendo ao deputado Neivo Beraldin que não é porque estamos hoje com câmeras filmando os trabalhos da Assembleia ou a nossa presença que temos que agir com correção. Durante toda a minha vida, mesmo sem câmeras, sem ninguém me fiscalizando, tenho a minha consciência de político que, penso eu, agi de maneira correta. Então, o maior fiscal de mim sou eu mesmo. Então, logicamente que tivemos todos esses avanços e eles contribuem. Agora, senhor presidente, com relação à presença, eu mesmo não poderia – se fosse assim – estar aqui, porque tenho um compromisso em uma cidade interiorana, que precisaria, teoricamente, da minha presença. Mas, estou aqui. Agora, entendo que muitas vezes os outros deputados estão trabalhando pelo Paraná, por aí afora e muitas vezes podem estar até fora dos limites geográficos do Estado. Agora, sei lá, acho que cada um é fiscal de si mesmo e sou um homem extremamente otimista e acho que é fundamental a existência dos parlamentos. Senhor presidente, quando querem agredir a democracia, fecham as Câmaras Municipais de Vereadores, as Assembleias, o Senado, fecham a Câmara Federal, elegem bionicamente – como já fizeram – governadores e presidentes da República e acho que devemos submeter tudo isso à hóstia cívica, que é o voto, para decidir tudo. Muito obrigado!