23/04/2009 17h28 | por Ronildo Pimentel /(41) 3350-4156 e 9188-8956 / ronipimentel@hotmail.com - imprensa@lideranca.pmdb-pr.org.br / www.waldyrpugliesi.com.br - www.lideranc
Senhor presidente, primeiramente quero cumprimentá-lo pelo alto espírito democrático. Vossa Excelência mesmo, no dia de ontem (quarta-feira, 22 de abril), falou que o deputado (Luiz Cláudio) Romanelli fez uso da palavra no enorme expediente, não era mais o grande expediente. Hoje, o nosso líder fez um pronunciamento no Pequeno Expediente Plus. Então, são as inovações que temos visto aqui, mas quero registrar, na realidade, esse espírito democrático de Vossa Excelência. Estava falando para o deputado, não para o (Francisco) Büher, para o deputado (Pastor Edson) Praczyk, agora há pouco, que esta quinta-feira (23) está se transformando num espaço onde a demagogia está cedendo espaço para as discussões sérias. Então, acho que deveríamos sim voltar os nossos olhos de maneira mais aprofundada para muitas coisas que estão acontecendo. Veja bem, senhor presidente, uma questão simples, estava vindo para a Assembleia, dias destes, e o meu funcionário tinha sintonizado a Band News, que tenho por hábito ouvir e respeitar como respeito todas as emissoras, os jornais, estamos vivendo em um regime democrático. Então, veja bem o que ouvi na Band News, alguém ligou, logicamente que estava em busca de defesa, porque esse cidadão disse o seguinte: “Eu fiz dois financiamentos: um financiamento no Banco Itaú e o outro financiamento no Unibanco”. Então, veja bem, senhor presidente, esse cidadão liga para a Band News e fala o seguinte: “olha, eu fiz um financiamento e para fazer a minha declaração de Imposto de Renda, para declarar aquilo que paguei, eu me dirigi ao Itaú e me dirigi ao outro Banco, o Unibanco. Eles falaram: tudo bem, vamos fornecer oficialmente” (era isso que ele queria) uma declaração de quanto ele tinha pago durante o ano de 2008. Aí o Itaú ou o Unibanco, um falou: olha, tem uma taxa de R$ 100,00. O outro banco falou: tem uma taxa de R$ 80,00. O sujeito ficou pasmo. “Vou me dirigir ao Banco Central”. E aí se dirigindo ao Banco Central, ele teve a seguinte informação do Banco Central do Brasil: “Olha, temos convênio com os bancos particulares autorizando que eles cobrem essas tarifas”. Então, estamos como sempre estivemos neste país, submetidos, de uma maneira ou de outra, ao grande capital, a grande influência. Banco Central do Brasil! Deputado Édson Praczyk, faça um histórico da vida após os dirigentes do Banco Central terem esgotado os seus tempos de direção. Então, o Banco Central do Brasil é um instrumento a serviço daqueles que mandam neste país e ainda querem fazer o Banco Central independente. Independente do quê? Ele deveria se liberar dos organismos internacionais. Vejam bem, o Brasil tem uma enorme dívida e nós pagamos os maiores juros de todo o mundo. Agora, quem é que fixa as tarifas que deverão ser cobradas? O Banco Central. Então, vejam bem, resumindo, tenho uma dívida, tenho uma dívida e eu mesmo determino quanto que vou pagar de juros? Se houvesse um pouco de audiência dos reclamos de todo mundo, neste país, o Banco Central sinalizaria de maneira muito forte, na direção da queda, das taxas de juros que são praticadas neste país, que durante muito tempo ficou inamovível na sua política de juros altos. Com aquelas desculpas que ouvíamos no tempo da Ditadura Militar “Primeiro temos que fazer o bolo crescer, para depois reparti-lo”. Aqui mesmo nesta Casa, quando fiz um pronunciamento ligando o arrocho salarial de um regime discricionário, com a taxa de mortalidade infantil, quase que fui agredido pelas forças contrárias, àquele pensamento que exarava naquela oportunidade. Senhor presidente, essa questão levantada pelo deputado Romanelli precisa ser aprofundada por todos nós, inclusive, pelo governo Lula. Primeiro, se pretendia fazer com que só em determinados municípios, com população acima de tantos mil habitantes, se poderia receber esse programa da “Minha Casa, Minha Vida”. O (Leon) Tolstoi, um escritor russo, dizia “Cante a sua aldeia e será universal.” Estou falando isso, senhor presidente, porque como prefeito da minha cidade, executei juntamente com o governo, um programa habitacional, que teve grandes resultados. Nestes dias, um canal de televisão do interior, quis fazer uma matéria comigo, nesses conjuntos habitacionais. No ano de 2009 saí da Prefeitura, no último mandato que tive à frente do Poder Executivo de Arapongas, no dia 31/12/96. Quais são as prestações praticadas, hoje, que estão sendo pagas pelos moradores? R$ 26, R$ 27, R$ 32 e R$ 31. Foram milhares de casas que executamos, onde a Prefeitura entrava como parceira. Nós adquiríamos as áreas, fazíamos todos os procedimentos legais exigidos e construímos milhares de casas. Na realidade liberamos aquelas famílias e moradores do julgo pesado do aluguel. Quando estávamos dando essa entrevista, em um dos conjuntos habitacionais, passa um cidadão e diz que está pagando R$ 400 de aluguel. E o cidadão ao lado estava pagando R$ 27 por uma casa que é dele. Chega um cidadão e diz que a vida deles foi consertada, com a realização desses conjuntos, como o conjunto Ulysses Guimarães e outros. Um paga R$ 27 de prestação e outro paga R$ 400 de aluguel em um mesmo conjunto, que deveria ser proibido. Se você faz a casa para alguém que leva benefícios, ele não tem o direito de fazer com que use aquele dinheiro, que era do povo, para se beneficiar dele, em detrimento de outro. Um cidadão de sobrenome Caldeira falou que a sua vida mudou, por causa desse conjunto. “Se eu tivesse que continuar pagando aluguel, eu não teria feito um pequeno negócio, onde estou retirando o sustento da minha família. Esse simples carro que tenho, consegui porque entrei aqui neste conjunto habitacional e estou livre do aluguel”. Se nós conseguimos fazer isso num pequeno município – pequeno em termos, o meu município tem mais de 100 mil habitantes hoje, tem universidade, tem rede coletora de esgotos, tem parques industriais expressivos –, por que essas coisas não podem ser feitas através de um governo federal, que tem ampla aceitação no meio da população, em níveis de aprovação nunca alcançados anteriormente. Então, acho que precisamos mudar o eixo dessas coisas. Sou tido como um estatizante porque defendo a presença do Poder Público em empresas como a Copel, a Sanepar, nas estradas. Outro dia aqui ainda senhor presidente, nesta tribuna, fiz referencia a um escrito do Karl Marx, o Pai do comunismo em 1867, quando ele previa tudo isso que ia acontecer. Porque na hora do lucro, da vantagem, as coisas ficam privatizadas. Na hora do prejuízo é preciso que os governos socorram, muitas vezes uma “ladrãozada sem-vergonha”, que passa 50 anos tendo lucro. E aí esse lucro não chega aos interessados em melhorar as condições de vida de ninguém. Mas na primeira dificuldade, já vem o Estado antes abominado pela direita, pela classe dominante, para fazer a salvação daqueles que só exploram, exploram e exploram. Senhor presidente, acredito muito nas potencialidades que temos. Acredito no poder de realização do nosso povo. Agora, é preciso que essas coisas, como falou ainda há pouco o deputado Caíto Quintana e outros parlamentares que através de apartes se pronunciaram, é preciso que nós façamos uma incursão em direção à verdade. Eu mesmo, senhor presidente, e Vossa Excelência até me socorreu quando fazia aquele discurso dizendo e isso colhemos por todos os cantos do Paraná por onde passávamos. Uma entrevistadora me falou assim: “Como você se sente tendo 45 funcionários à sua disposição na Assembléia Legislativa?” Isso não é verdade. Falei que o jardineiro não era meu funcionário, que o rapaz que conserta a fiação elétrica não é funcionário do meu gabinete. Vossa Excelência apontou o fotógrafo que estava fazendo as fotografias necessárias ao trabalho, não é meu funcionário. Então, se joga de maneira gratuita tudo aquilo que existe de pior, em cima da chamada classe política. Agora, as pessoas precisam saber que os políticos não são “anjinhos de asas douradas”. Basta ver o incômodo vivido por esse “santo” Fernando Gabeira. Ele “mete o facão” em todo mundo. Ele é o retrato da seriedade, da correção, do corretamente político. E a hora em que é apanhado levando através de passagem a família para a Europa, vem dizer que espontaneamente decidiu se expor. Espontaneamente, “uma conversa fiada”. Todas as passagens de todos os que usaram as passagens estão aí do conhecimento público. Então, veja bem, ele pratica aquilo, mas fica de bem. É como o nosso presidente aí do Paraguai – estou achando que esse camarada é um dos grandes responsáveis pelo aumento da população mundial, porque vá ser fértil assim lá adiante, o nosso governante, viu. Então, não é o problema de ter filho, isso, aquilo – se tem filho, reconheça e acabou. Tem muita gente que tem filho por aí e não sabe que tem. Mas esse era o Papa do Celibatarismo – não pode casar, é proibido isso, aquilo – aí, tem uma creche, sabe. Então, estou falando essas coisas, porque é aquilo que o Durval Amaral falou outro dia: “atrás de um moralista, atrás de um cara santarrão, você vai ver que a podridão está ali pregada”, sabe. Só conversa fiada! E nós estamos no Século XXI e chega de patifaria, porque é fácil o sujeito se auto-intitular o parâmetro mais alto de tudo aquilo que existe de bom entre os seres humanos. O ser humano é um animal cheio de defeitos, cheio de defeitos. Acho que a grandeza está em reconhecer os erros, em se corrigir, se corrigir para avançar. Agora, você vê uns bonachões e a hora que você vai descobrir o cara é um baita de um pedófilo que muitas vezes fica longe do braço da justiça. Olha, que coisa, hein presidente! E nós somos obrigados, todos nós, os que estão vendo a gente, tem gente que não concorda com nada daquilo que falamos. Mas aí é que está a grandeza do regime democrático, da democracia – é o respeito a opinião contrária. Tenho que fazer de tudo para garantir o direito de crítica daqueles que querem me criticar, mas vou exigir, como todos nós temos que exigir que a crítica possa ser pertinente, séria e não um jogo para jogar para baixo aquele que está sendo submetido a esse tipo de crítica. Agora, quem não pergunta, quem não estuda, quem não pesquisa não leva o mundo para frente. Agora, acredito – hoje num jornal, leio muito jornal, desde criança, era um hábito que ficou dentro da minha casa, deixado pelo meu pai, essa coisa toda, estava lendo lá um jornal ironizando um erro de português de um vereador – e aí, se no próprio texto eles cometem dois ou três erros de português. Quer dizer, é o roto falando do esfarrapado. Os dois são ignorantes. Me lembro, senhor presidente, que o Dr. Julio de Mesquita, dono do jornal O Estado de São Paulo, inconformado com aquilo que ele via na terceira página do Estadão, que era para ser, e sempre foi a idéia do dono do jornal. O jornal existe para alguma coisa. Então, ele foi a Coimbra, em Portugal, e trouxe professores de português para que eles fizessem a corrigenda ou mesmo escrevessem os editoriais que compõem a terceira página do Estadão até hoje. Logicamente que houve uma queda de qualidade, mas hoje vemos e outro dia estava vendo um lingüista defendendo que essas questões da mudança da língua, já, já serão incorporadas à língua portuguesa. Então, daqui a pouco, senhor presidente, vai ser muito comum a gente perguntar para alguém: Você pagou quanto por esse carro? Paguei 20 mil real. Porque aqueles que devem preservar a língua estão falando que deve ser desse jeito. Outro dia recebi uma carta de uma professora que chamei alguém para ver e falei: pobres das nossas crianças. Não é possível que se continue dessa maneira. E muitas vezes quando queremos discutir alguma coisa, que no meu entendimento pode ser combatida, mas julgo seria, olha é um tal de falarmos no deserto, porque as migalhas, as quinquilharias se sobrepõem aquilo que é o tutano, o essencial a determinadas coisas. O Parlamento existe, porque não é possível mais fazermos como na Grécia antiga, quando o governante querendo aprovar alguma coisa, ele se dirigia a praça, as cidades todas eram pequenas. E falava: “estou pretendendo fazer isso”. E o povo ali ouvindo o orador falava: “estou de acordo, faça”. Ele voltava para onde governava e estava autorizado. Hoje as Câmaras de Vereadores têm a obrigação de representar o sentimento da cidade. Na minha cidade tem 100 mil habitantes, tem 10 vereadores, teoricamente cada vereador representa 10 mil vereadores daquele município. Como não é possível mais o governante sair na praça pública e pedir autorização para fazer as coisas, hoje você tem os Parlamentos. Então é aquilo que falo em relação a fidelidade partidária, como pode alguém que almeja, ânsia, batalhou pela reforma agrária votar em alguém que faz o jogo dos latifúndios? Como é possível? É a ignorância também do eleitor. Lembro-me de quando fui candidato a constituinte vieram com algumas propostas. Longe de mim. Vou para lá para defender isso, isso e isso. Sou a favor da reforma fundiária, agrária, agrícola, tributária, mas sempre temos que bater com o nariz nessas portas inoxidáveis, intransponíveis dos privilégios de 500 anos, que existem nesse País. E ai vidas que conheço, senhor presidente, vidas que foram dedicadas a política. A política nada mais é do que um instrumento inventado pelo homem para resolver os seus problemas. Vi gente pelo mundo afora dedicar toda sua vida a política, depois ela é resumida no seguinte: “como é, você também está viajando as minhas custas? Você tem 50 empregados na Assembleia?” Como é que funciona essa Assembleia? Será que não tem um ascensorista? Ele não é funcionário do gabinete dos deputados, mas é assim. As coisas estão caminhando. Ontem por exemplo, à noite vi o entrevero entre o presidente do Supremo (Tribunal Federal), Gilmar Mendes com o Ministro Joaquim Barbosa. Esse lá pelas tantas falou: “me respeite, o senhor não está tratando com os seus capangas lá do Mato Grosso.” Um Ministro falou isso. Agora pergunto: mas o ministro Joaquim falou aquilo com fundamento ou sem fundamento? Como é que é? Imagina um cidadão comum, como esse cidadão aqui que está falando há três horas ao meu lado. Ele quer bater o recorde da minha permanência, aqui, na Tribuna. Não sei, para onde vamos caminhar. Agora as questões devem ser aprofundadas, discutidas de maneira seria. Senhor Presidente, quando faço esses comentários é aquela tal história, sou do jeito que sou. Respeito todo mundo, mas não vim para o mundo para engolir prato feito de ninguém. De ninguém! Sou um homem com as minhas circunstâncias, com os meus defeitos. Mas, tem hora que também não dá para ficarmos apequenados diante de coisas que vemos. Outro dia estavam falando: os políticos são responsáveis por todos os males que existem no mundo. E esta “ladrãozada” que sonega impostos, que não paga nada? Conheço gente grande que nunca recolheu um centavo ao Imposto de Renda. São os primeiros a bater nos políticos, a dizer “olha, aquela escola lá não está nas condições nas quais ela deveria se encontrar”. Então, acho que todos temos as nossas qualificações, nossas qualidades, nossos defeitos. Reconheço em mim mesmo muitos e muitos defeitos. Vou fazer o que? Não sou nenhum (Fernando) Lugo, cheio de qualidades, de seriedade. Se fossemos aprofundar estas coisas, senhor presidente, no comportamento de muitos e você ir lá e ver o que estão fazendo, a coisa é braba. Quero reafirmar aqui mais uma vez que quando falo alguma coisa, como falei hoje de um jornal que estava falando uma coisa, mas fazia a mesma coisa, na mesma coluna, quero reafirmar o respeito que tenho por todos os jornais, sejam eles grandes ou pequenos. Pelos jornalistas. Um deles, já falei quantas vezes, o Wladimir Herzog. Porque ele foi assassinado? Por que? Eles querem tornar prescritível os crimes que foram cometidos contra a vida. Ontem, por exemplo, fui muito desagradável com alguns companheiros que estiveram no meu gabinete. Sabem por que? Eles queriam a transferência de um funcionário da cidade deles para outra cidade. Falei: “escuta, este camarada é corrupto? Não, não é. Ele tem família? Tem. Ele tem filhos? Tem. Estão na escola? Estão”. Então, escutem, porque é que vamos tentar tirar um cara que está com a filha, que a mulher talvez leve para a escola, está ali com um emprego e você manda ele para a Conchinchina porque um cara não gosta dele? Isso o governo (Roberto) Requião faz, mas de maneira séria. Vi uma vez a tentativa de uma figura importante, vamos dizer, da política, tentando tirar um profissional de determinada cidade. E a conversa foi mais ou menos esta, que sempre fiz na minha vida. E agindo. Escuta, ele tem família. A família dele depende do emprego e das condições, das circunstâncias a que ele está submetido ali. Então, porque é que vamos tirar? “Não, mas ele não votou na gente!” E daí? Talvez ele estivesse certo não votando na gente. Onde é que está a verdade? Será que o cara que votou em mim é o que está certo? Ou será aquele que não votou? Se queremos ser democratas, temos que abrir o espírito mesmo e nos submetermos a tudo isto. Senhor presidente, nem pretendia falar destas coisas. Mas, fiquei ouvindo a Band News, semana passada, fiquei pensando: o cara faz um financiamento do carro, vai ao banco e fala: “quero saber, de maneira oficial, preciso fazer minha declaração de imposto de renda, quero saber quanto eu paguei”. “Ah, o senhor tem que pegar R$ 100”. O Banco Central, do Brasil não, é banco central dos bancos particulares e dos interesses do grande capital nacional. É este o nosso Banco Central. Deveria ser um banco submetido a um Conselho de gente séria, para não praticar a política que ele sempre praticou aqui, que é de defesa dos privilégios e dos interesses da classe dominante. Muito obrigado!