Emoção e aula de Direito Constitucional marcam palestra de Luiz Edson Fachin
Foi uma aula de Direito Constitucional, como frisou o presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB) assim que terminou a palestra do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, no fim da tarde desta sexta (13) no Plenário da Casa. Fachin, que falou sobre o tema “O Vazio Constitucional e o Protagonismo Judicial no Brasil Contemporâneo” aos servidores do Legislativo e convidados, lembrou, em pouco mais de uma hora, o marco extraordinário que foi a constituição de 1988 na restauração da Democracia e o que ela significou e significa para a sociedade. Destacou que o Poder Judiciário tem sido protagonista sim, mas que todas as decisões têm a Carta Magna como base. E deu exemplos: o caso de um medicamento proibido pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, é o juiz que o cidadão que quer utilizá-lo procura. E é para assegurar o direito deste cidadão que o magistrado vai opinar, deferir ou indeferir. Fachin destacou que a Constituição é a regra do jogo e o juiz é o guardião dessa regra.
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O ministro Fachin, que construiu toda a carreira no Paraná, passou a infância e a adolescência em Toledo, no Norte do estado, se emocionou ao lembrar das origens.
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O presidente Traiano, que convidou pessoalmente o ministro Fachin para fazer a palestra na Escola do Legislativo, estava orgulhoso em ver o integrante da mais alta Corte ali no Plenário da Assembleia.
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Fachin fez uma reflexão dos 27 anos da constituição e questionou: o que possui uma constituição? E respondeu: legitimidade. Ele concorda com pensadores, historiadores que afirmam: é preciso que haja uma redenção Constitucional. Não é uma simples reforma, Não significa substituir a Constituição por outra. Mas retomar a Constituição para o seu caminho correto, trazendo-a para perto do que a sociedade entende ser a sua verdadeira natureza. Assim ela vai se tornar aquilo que sempre prometeu que seria, mas não foi. Ela muda a direção de sua correta interpretação e aplicação e responde adequadamente as alterações no tempo e nas circunstâncias. E deu exemplo do conceito da Família. Um debate crucial, mas só de do debate existir, ele avalia como uma virtude constitucional. Porque isso demonstra que numa sociedade democrática, onde há o respeito à diferença, o dissenso integra a normalidade democrática.
Vale dizer que o juiz não se transforma em um legislador. É preciso haver o respeito das competências constitucionais, encontrar o equilíbrio, e, principalmente, assegurar a proteção dos direitos fundamentais.
Para a coordenadora da Escola do Legislativo, Francis Fontoura Karan, a palestra de Fachin para os servidores foi um divisor de águas para um projeto tão recente como o a Escola.
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E o ministro se surpreendeu com o fato da Assembleia ter uma Escola para levar as questões do Direito aos servidores e ao público, sempre de graça.
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No fim da palestra, Fachin apontou soluções democráticas para o chamado vazio constitucional colocar as regras da Constituição no centro. Os vazios, segundo ele, podem ser preenchidos com liberdade, mas também com responsabilidade e com o respeito aos papeis dos poderes. E se o judiciário ampliou seu papel, foi em função do momento que o Brasil vive. Porque a Constituição não nasce formalmente uma constituição. Ela se faz na vida da sociedade, das forças produtivas, da inteligência dessa sociedade, mediante consensos e dissensos, que são alcançados especialmente na arena democrática e concluiu: “A constituição é a mesma para todos”.