A bancada de oposição ameaçou ontem dificultar a votação do orçamento do Estado se o governo insistir na prática de não respeitar as emendas dos deputados. O líder da oposição, deputado Valdir Rossoni (PSDB), disse ontem em pronunciamento, que a assembléia não está exercendo o direito de legislar.“Há três anos não votamos uma suplementação orçamentária sequer. Com isso o governador executa o orçamento da forma e do jeito que ele bem entende”, disse Rossoni.Em forma de protesto, a bancada de oposição e outros deputados avaliam a possibilidade de não apresentar emendas. “Ou então apresentar 2 mil ou 3 mil emendas e mandar uma por uma: vamos ficar aqui até 2 de janeiro discutindo, porque nós temos o tempo regimental para ser discutido”, ameaçou.IrrealO deputado criticou também a cifra de R$ 17 bilhões, considerando que é irreal para o orçamento do Estado. “Não existe isso no Estado”. Ele cobrou um compromisso público do líder do governo para garantir a execução da proposta orçamentária. “Caso contrário, nós vamos dificultar a aprovação do orçamento”, garantiu Rossoni. Diante destes sinais, o governo já acena com reuniões para tentar chegar a um acordo com os deputados, uma vez que teme que as discussões possam se acirrar.Hipocrisia“Emenda individual é hipocrisia. É notório, público, o governador anuncia em nível nacional que não paga emenda individual. Por que nós vamos fazer papel de bobos?”, esbraveja o deputado Augustinho Zucchi (PDT). De acordo com ele, “não há porque criar uma expectativa na população que depois não se concretiza e ainda pelo contrário, serve de princípio do governador com relação à assembléia”, comentou. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deputado Durval Amaral (PFL), defende que a Assembléia não deve se subjugar nem tentar negociar nada. “Não há o que negociar com o governo. A Assembléia tem que fazer valer a Constituição Federal, a Constituição Estadual. Tem de fazer valer suas prerrogativas”, diz.Durval considera que a Assembléia não está exercendo o seu papel. “Há três anos, a assembléia não aprecia uma suplementação orçamentária e está jogando no lixo o seu papel de fiscalizar o cumprimento do orçamento. O governo não tem mandado, porque faz 3 anos que a assembléia dá isso previamente”, exemplifica.