A Comissão Geral era uma manobra frequente utilizada há muitos anos principalmente pelo Poder Executivo para aprovar projetos polêmicos.
O Trâmite era rápido. O projeto chegava à Mesa Executiva, era lido em plenário e o líder do governo da ocasião fazia um requerimento, a pedido do governo, para que a sessão seguinte fosse transformada em Comissão Geral. Este requerimento era votado e se a base aliada fosse forte, era imediatamente aprovado e no dia seguinte era apreciado pelos representantes das comissões no próprio plenário, que davam os pareceres, sempre favoráveis, e o projeto ou projetos eram votados a toque de caixa.
ERA assim... porque atualmente não se vota nada, nenhum projeto sem que antes ele passe por todas as comissões permanentes da Casa, que tiverem relação om o tema. Por exemplo, um conjunto de medidas que vai aumentar impostos ou taxas. Antes, como todos os projetos de lei, vai precisar passar pela CCJ, a Comissão de Constituição e Justiça, para que os parlamentares verifiquem se ele é constitucional, ou seja, se não fere o que está na Constituição; em seguida, vai para a Comissão de Finanças, afinal envolve dinheiro e ainda passa pela Comissão de Indústria e Comércio. A maior parte dos projetos que envolvam gastos precisa ter esse trâmite.
No caso do orçamento, do Estado há uma Comissão específica para ele. Já se for um projeto relacionado a segurança, por exemplo, a Assembleia tem a Comissão formada para discutir o tema. O mesmo vale para Educação e Defesa do Consumidor, entre outros temas. São 24 as Comissões Permanentes do Legislativo Estadual.
E tudo precisa seguir o curso certo e graças à atual Mesa, recém empossada e presidida pelo deputado Ademar Traiano, uma medida aprovada por unanimidade pelos deputados baniu de vez a Comissão Geral do Regimento Interno da Assembleia. . O Paraná era o único estado brasileiro que ainda adotava esse sistema. Foi mais uma forma de modernizar o parlamento e dar transparência ao processo legislativo feito pelo presidente Traiano, que classifica o novo modelo como um marco para o Poder legislativo do Paraná.
(sonora)
Na comissão especial formada no ano de 2014 para revisar o Regimento Interno, o tema Comissão geral era um dos mais polêmicos. Mas os sete deputados que integravam a comissão já se manifestavam favoráveis à medida.
Foi um avanço não apenas para o Poder Legislativo, mas para toda a sociedade. E como Traiano mesmo mencionou, há pouco, ele soube ouvir os apelos dessa sociedade, que está cada vez mais próxima do parlamentar, como quer o atual presidente.
Tanto é que cada projeto que exija maior compreensão dos deputados e da própria sociedade, está sendo amplamente debatido com entidades interessadas. Federação do Comércio, Associação Comercial, Federação das Indústrias, a própria Ordem dos Advogados paranaense têm participado das discussões e sugerido mudanças e melhorias nos textos originais. E muitas têm sido acatadas. Caso das que surgiram a partir de uma Audiência Pública feita pela Comissão de Indústria e Comércio na semana passada. Com isso, duas emendas foram apresentadas e o presidente da Comissão, deputado Márcio Pauliki, do PDT, disse que é preciso aprova-las, não apenas para que a sociedade se sinta representada, mas pela importância que elas terão no aperfeiçoamento do projeto. Referem-se ao Cadin, que é um cadastro de informações que vai ser utilizado pela Secretaria estadual da Fazenda para centralizar todas as informações dos devedores de impostos. A ideia do governo com a medida é regularizar a situação dos inadimplentes e melhorar o caixa. As duas emendas sugerem prazos para que os devedores sejam avisados e também discrição ao divulgar a lista. Os detalhes da dívida só deverão ser visualizados pelos próprios devedores. A Comissão aprovou as ideias e quer que o Legislativo também faça isso.
(sonora Pauliki)
Debates, discussões, opiniões, é assim que deve funcionar o Parlamento. Nada que vá contra o papel dos legisladores, que é criar leis que sirvam para melhorar a vida dos cidadãos, sem passar por cima do processo democrático.
(sobe som)
Na última reportagem da série especial, vamos falar de como está se desenhando a questão legal do novo Regimento Interno. Como os deputados responsáveis pelas mudanças esperam que ele fique? E o que um documento mais moderno vai trazer de benefícios para os parlamentares e para a população.
De Curitiba, Cláudia Ribeiro.