Suspensão da exploração do gás de xisto por "fracking" é aprovada em segundo e terceiro turnos Deputados entendem que o método oferece sérios riscos ao meio ambiente, com possibilidades de contaminação das águas e outros danos.

29/11/2016 16h59 | por Nádia Fontana e Jaime Martins
Sessão Plenária 29/11/2016

Sessão Plenária 29/11/2016Créditos: Pedro de Oliveira/Alep

Sessão Plenária 29/11/2016


A exploração do gás de xisto por meio do fraturamento de rochas, o chamado método “fracking”, deverá sofrer proibição de dez anos para que possa ser licenciada e realizada no estado, conforme projeto aprovado em segundo e terceiro turnos nesta terça-feira (29), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), quando foram realizadas duas sessões ordinárias. Na primeira votação a matéria passou com 43 votos favoráveis e nenhum contrário. Na segunda, durante sessão plenária que antecipou a sessão que seria realizada na quarta-feira (30), recebeu 44 votos favoráveis e também nenhum contrário.

Antes de ser encaminhada para sanção do governador Beto Richa a proposição de nº 873/2015 volta ainda ao Plenário na próxima semana, para ser analisada em redação final, última etapa de votações no Legislativo. Na prática, a proposta dos deputados estaduais Rasca Rodrigues (PV), Schiavinato (PP), Fernando Scanavaca (PDT), Marcio Nunes (PSD), Marcio Pacheco (PPL), Guto Silva (PSD) e Cristina Silvestri (PPS), proíbe que empreendimentos e obras de exploração que utilizem o método não-convencional (do fracking) para obtenção do gás de xisto recebam dos órgãos ambientais as licenças e autorizações para a perfuração em solo paranaense. O projeto original passou com uma subemenda substitutiva geral elaborada pela Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda. A subemenda fez alguns ajustes técnicos no texto original do projeto e, entre eles, incluiu a expressão “suspensos por dez anos” em substituição à anterior, que se referia à “moratória por dez anos”.

Segurança – Durante os debates na Alep o deputado Schiavinato destacou a importância da discussão sobre o tema que, segundo ele, garante a “segurança ambiental e a segurança voltada ao desenvolvimento do agronegócio”. Schiavinato lembrou que o Paraná é um estado pioneiro no tema, mudando a legislação visando a proteção do agronegócio e do meio ambiente. “Na época da elaboração do projeto fomos para a Argentina e percebemos o que significou isso para eles”, recordou. Na opinião dele, é preciso buscar outras formas de energia, principalmente as de fontes sustentáveis.

Já o deputado Rasca Rodrigues ressaltou que o método do fracking oferece enorme risco ao meio ambiente, pois a perfuração atinge cerca de seis mil metros de profundidade “explodindo a rocha, e isso gera mais de 400 produtos tóxicos e radioativos”, e que a suspensão de dez anos é para preservar a “economia, o meio ambiente e a reserva de água que temos no subsolo paranaense”.

“A suspensão por dez anos é o consenso que construímos com os deputados, que perceberam os riscos irreversíveis ao solo e a água que o fracking provoca. Onde foi feita a perfuração, como nos Estados Unidos e Argentina, deu errado e trouxe prejuízos para o meio ambiente e a economia”, declarou o representante do PV. “O prazo de dez anos é para que possamos ter mais segurança e maturidade em decidir se queremos gás, ou água e alimentos”, acrescentou Rasca.

A votação foi acompanhada, na última segunda-feira, quando o projeto passou em primeiro turno, por militantes contrários ao fracking. Para Juliano Bueno de Araújo, fundador da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida (Coesus), a aprovação do projeto representa um alívio aos paranaenses que cobram uma atitude sobre o tema. “É um significativo avanço, o Paraná é o primeiro dentre os quinze estados que são atingidos, a criar uma legislação estadual contra o fracking. A medida nos dá garantias e tempo para impedir que este método seja utilizado”, destacou Araújo.

Prazo – O texto do projeto estabelece que fica decretada a suspensão de dez anos para licenciamento de exploração do gás de xisto para as empresas vencedoras do leilão da Agência Nacional de Petróleo – ANP, que se utilizem do método fracking para a sua exploração, no estado do Paraná. Esse período servirá, segundo o projeto, para a “prevenção ambiental ocasionada pela perfuração do solo mediante uso do método fracking, que pode ocasionar possíveis contaminações das águas”.

Após o prazo determinado na proposição, para a exploração do gás de xisto pelo método fracking, as empresas que tiverem interesse na exploração deverão apresentar: Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da bacia da região a ser explorada; estudo hidrológico das águas subterrâneas em um raio de dez quilômetros de cada poço a ser explorado; estudo do impacto econômico e social da região de abrangência afetada pelo poço a ser explorado; além de promover a implantação de poços de monitoramento do lençol freático localizado no entorno dos poços de extração do gás de xisto, sendo um poço de monitoramento a cada vinte hectares; e realizar audiência pública em cada município que venha possuir poço de exploração de gás.

Constituição – A questão do fracking já é tratada na Constituição do Paraná. Recentemente foi aprovada na Alep, de forma pioneira no país, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 12/2015, que incluiu a necessidade de autorização do Poder Legislativo para o uso desse método de extração de gás de xisto no Paraná. De acordo com a proposta, publicada como Emenda Constitucional nº 37, o art. 209 da Constituição do Estado passou a ter a seguinte redação: “Observada a legislação federal pertinente, a construção de centrais termoelétricas, hidrelétricas e perfuração de poços de extração de gás de xisto pelo método de fraturamento hidráulico da rocha dependerá de projeto técnico de impacto ambiental e aprovação da Assembleia Legislativa; a de centrais termonucleares, desse projeto, dessa aprovação e de consulta plebiscitária”.

Extração – O fraturamento hidráulico ou fracking é um método que possibilita a extração do gás de xisto do subsolo. O procedimento consiste em perfurar um poço vertical. A seguir uma mistura de água e substâncias penetrantes e químicas é injetada no terreno sob alta pressão, suficiente para fraturar a rocha e liberar o gás.

Luto - Durante as sessões plenárias realizadas nesta terça-feira diversos deputados externaram pesar pela tragédia que envolveu a equipe da Associação Chapecoense de Fuebol, na Colômbia, na véspera de partida decisiva que seria jogada em Medellin, contra o Atlético Nacional. O deputado Ademar Traiano, presidente da Casa, apresentou um voto de pesar em nome do Poder, e diferentes parlamentares destacaram as perdas de vidas humanas, inclusive de atletas e dirigentes esportivos paranaenses. Os deputados também observaram "um minuto de silêncio" em homenagem às vítimas e seus familiares.

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