A ocupação das escolas estaduais do Paraná foi tema de amplos debates no Plenário da Assembleia Legislativa do Paraná durante a sessão desta terça-feira (25). Por solicitação do deputado Hussein Bakri (PSD), presidente da Comissão de Educação da Alep, um estudante representando o Movimento Desocupa Paraná e um professor da rede estadual usaram a tribuna para manifestar posição contrária à ocupação dos colégios e consternação pela morte de um estudante de 16 anos de idade dentro de uma escola ocupada, no bairro de Santa Felicidade, em Curitiba.
O estudante Patrick Egnaszevski leu um manifesto com uma reflexão sobre o assassinato do estudante no Colégio Estadual Santa Felicidade e questionou quais ações foram tomadas para que se pudesse evitar a tragédia. Patrick também denunciou ameaças e represálias contra quem demonstrou posição contrária às ocupações. “A morte do estudante foi o ponto final para essas ocupações. Muitos pais não sabiam o que estava acontecendo, o uso de drogas, o consumo de álcool. A gente pede o apoio da comunidade escolar e do Ministério Público para que vejam o que aconteceu ontem e tomem uma posição contrária. A gente pede que façam assembleias para decidir pela maioria. Acreditamos que não vamos conseguir debater as mudanças no ensino médio com as escolas fechadas”.
O professor Gilmar Tsalikis ressaltou a importância de debater o assunto sem comprometer o direito dos estudantes de estudarem. “A Constituição permite protestar, mas não é dessa forma, tirando o direito dos outros. Queremos buscar o diálogo com esses alunos para que possam entender o que está acontecendo. Debater, explicar a Medida Provisória e encontrar o senso comum. Já perdemos muito tempo com isso. Enquanto as escolas estão paradas não há debate e o tempo está correndo. A Medida Provisória tem 120 dias para ser aprovada”.
Em seu discurso, o deputado Hussein Bakri reforçou a importância do diálogo para resolver a questão e afirmou que está elaborando um projeto de lei para garantir que nenhuma disciplina seja excluída do currículo do ensino médio. “É bom que se diga que ouve sim uma tentativa por parte do Governo e dessa Assembleia no sentido de que o diálogo prevalecesse. Tanto que eu estive em Brasília com o governador solicitando ao ministro da Educação que as medidas fossem discutidas por mais tempo. Lembrando ainda que essa Casa está elaborando projeto onde afirmamos que não concordamos com a retirada de matérias”.
Para o deputado Professor Lemos (PT), as alterações propostas pelo governo federal são prejudiciais à educação. “Os estudantes, ao lado de professores, estão contestando a Medida Provisória (que reforma o ensino médio). Essa medida não contribui para melhorar a qualidade da educação do Brasil. Ao contrário, se ela for aprovada com a redação que foi apresentada pelo presidente da República ela vai trazer um prejuízo enorme à educação brasileira. É importante que se dê espaço para todos os lados se pronunciarem, por isso vamos requerer espaço para que os estudantes do Movimento Ocupa Paraná e também os sindicatos sejam ouvidos”.