O líder do governo na Assembléia Legislativa, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), divulgou nesta sexta-feira (29), a entrevista do jornalista e escritor José Reinaldo Carvalho, diretor do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz). “O jornalista faz uma análise precisa de como as grandes forças econômicas de nosso estado e de nosso país trabalham em ações conjuntas para garantir seus interesses, que nem sempre beneficiam a maioria da população”, disse Romanelli. Segundo o jornalista, Roberto Requião e o Governo no Paraná cumprem um papel fundamental nos avanços dos movimentos sociais na América Latina e na conquista de soberania dos povos do continente. “Hoje, estamos vivendo um momento muito favorável para a as lutas dos povos e nações da América Latina pelo reforço de sua soberania, e com conquistas sociais e também pelo aprofundamento da democracia”, disse Carvalho, pouco antes do lançamento do seu livro “O antiimperialismo, Caminho da Libertação dos Povos” na sede do Sindicato dos Engenheiros do Paraná. “Antes, tínhamos governos vassalos, governos lacaios do imperialismo. Hoje temos governos antiimperialistas. As contribuições atuais desses governos ao desenvolvimento e para o desenlace dessa luta são decisivas. Eu acrescento ainda que não só os governos sociais, mas também alguns governos estaduais. Acredito que o papel que desempenha o governador Roberto Requião, como uma liderança expressiva, das forças patrióticas e progressistas do Brasil, é um papel extraordinário”, disse Carvalho em entrevista à Agência Estadual de Notícias. Para ele, a existência de um projeto desenvolvimentista no Paraná potencializa em muito a integração no Mercosul. “É muito difícil exercer a soberania e ao mesmo tempo trilhar a via do desenvolvimento que não seja através de um projeto integrado do ponto de vista continental”. GRANDE MÍDIA - Carvalho defende a democratização dos meios de comunicação e disse que a grande mídia utiliza-se da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e do próprio poder econômico “para mentir, falsificar e procurar isolar aquelas lideranças, as forças políticas que lutam pela verdadeira democracia e pela soberania nacional no Brasil e no conjunto da América Latina”. “A campanha que essa grande mídia faz contra os grandes líderes, Fidel Castro, Hugo Chavez, Evo Morales e mesmo o presidente Lula, é uma campanha nojenta, asquerosa. E isso tem uma tradução no Paraná, que é essa investida antidemocrática de censurar a voz do governador Requião - através de uma censura que vem mascarada de uma decisão judicial, mas sabemos que corresponde a uma medida de natureza política discriminatória”. CENSURA - Carvalho disse ainda que a censura que Requião sofre atualmente por uma decisão judicial é um gravíssimo precedente na vida democrática brasileira. “É um gravíssimo retrocesso, de caráter antidemocrático” de bolsões direitistas e reacionários, “que muitas vezes se abrigam no poder judiciário, e que tomam decisões abusivas, injustas”. “Podem tomar o pretexto que quiserem. Podem se estripar no texto jurídico que for, mas é uma evidente arbitrariedade. O governador Requião é uma voz destacada no contexto nacional, na luta pelo desenvolvimento nacional, na luta pela integração continental, na luta pelo aprofundamento da democracia no país, na luta pelo reforço da soberania nacional, na luta por reformas sociais”. DECISÃO DO STF – O diretor do Cebrapaz disse que a decisão do STF de revogar parte da lei imprensa pode acabar com “um desses resquícios (da ditadura), um desses entulhos autoritários que já devia ter sido removido há tempos”, mas que pode ser um bom momento para o Congresso Nacional debater se os códigos penal e civil “dão conta ou não dos abusos que são cometidos pelos veículos de comunicação e por jornalistas irresponsáveis, profissionais que não honram sua profissão”. “É necessário fazer esse debate no marco legal de um debate mais amplo sobre a democratização da mídia. Esse é que passo que o Brasil precisa dar num marco legal, como enquadrar em um marco legal a questão democratização da mídia e ao mesmo tempo de como ordenar a punição a jornalistas e a veículos de comunicação que caluniem, que deturpem, que mistifiquem, que mintam e que desinformem a população brasileira”. Leia a seguir a íntegra da entrevista. Agência Estadual de Notícias - Hoje temos vários governos de esquerda na América Latina - os governos dos presidentes Hugo Chavez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) - e nesse contexto como está caminhando a luta antiimperialista? José Reinaldo Carvalho - Hoje, estamos vivendo um momento muito favorável para a as lutas dos povos e nações da América Latina pelo reforço de sua soberania, e com conquistas sociais e também pelo aprofundamento da democracia. Se por um lado o imperialismo norteamericano, estadunidense, prossegue na sua política de tentar manter a América Latina como se fora o seu quintal, por outro lado, é inegável que houve um ascenso de lutas democráticas, de lutas sociais e de conquistas políticas. Se hoje temos um conjunto de governos que são antiimperialistas e a existência desses governos é resultado das lutas sociais, das lutas pela soberania. De maneira que se antes o encargo de desenvolver a luta antiimperialista era apenas dos povos e das correntes políticas que os representam, nomeadamente as forças de esquerda, as forças patrióticas, hoje essas forças ganharam aliados importantes nos governos. Antes, tínhamos governos vassalos, governos lacaios do imperialismo. Hoje temos governos antiimperialistas. As contribuições atuais desses governos ao desenvolvimento e para o desenlace dessa luta são decisivas. Eu acrescento ainda que não só os governos sociais, mas também alguns governos estaduais. Acredito que o papel que desempenha o governador Roberto Requião, como uma liderança expressiva, das forças patrióticas e progressistas do Brasil, é um papel extraordinário. Inclusive a existência de um projeto desenvolvimentista no Paraná potencializa muito essa luta pela integração. Porque um dos aspectos essenciais da luta antiimperialista é a integração. É muito difícil exercer a soberania e ao mesmo tempo trilhar a via do desenvolvimento que não seja através de um projeto integrado do ponto de vista continental. Se há os avanços dos governos populares e de esquerda, por outro lado existem ainda setores fortes economicamente e um deles está representado na mídia, que sistematicamente combate esses governos. Como é possível ampliar essa discussão da luta antiimperialista e fazer com que ela tenha um corpo maior perante a opinião pública? Já dizia o saudoso Leonel Brizola, um grande líder nacionalista brasileiro, que “a mídia é o partido único da grande burguesia e do imperialismo”. Foram palavras sábias. A direita, que sempre acusou a esquerda de ter partidos únicos em seus países, na verdade possui seu partido único, aquela voz que representa a batuta da orquestra: a grande mídia. É ela que dá a palavra de ordem para a ação unificada de toda a burguesia retrógrada em nível internacional. Já passou da hora de promovermos a modificação profunda dos meios de comunicação. Não é possível que, valendo-se da liberdade de imprensa, que acredito ser um valor sagrado e inquestionável, mas valendo-se não só da liberdade de imprensa ou da liberdade de expressão, valendo-se dos fabulosos investimentos em infra-estrutura que foram feitas pelo estado nacional, os grandes meios de comunicação se utilizam disso para mentir, falsificar e procurar isolar aquelas lideranças, as forças políticas que lutam pela verdadeira democracia e pela soberania nacional no Brasil e no conjunto da América Latina. A campanha que essa grande mídia faz contra os grandes líderes, Fidel Castro, Hugo Chavez, Evo Morales e mesmo o presidente Lula, é uma campanha nojenta, asquerosa, e isso tem uma tradução no Paraná, que é essa investida antidemocrática que é de censurar a voz do governador Requião - através de uma censura que vem mascarada de uma decisão judicial, mas sabemos que corresponde a uma medida de natureza política discriminatória. Eu não li o seu livro, mas sei que é uma coletânea de artigos que abordam a luta antiimperialista em escala internacional. É disso que trata? Exatamente, a começar pelo título: “O antiimperialismo, Caminho da Libertação dos Povos”. É uma coletânea de alguns ensaios sobre política internacional que escrevi ao longo do ano passado. Já editei outros livros com a mesma temática. Um deles foi: “O Antiimperialismo versus a Hegemonia Norte-Americana” e o outro foi “Conflitos Internacionais em um Mundo Globalizado”. Nos dois eu concentro minha análise nos preparativos da guerra contra o Iraque e nos meses subseqüentes a deflagração dessa guerra, enquanto que nesse livro que estou lançando eu me concentro em alguns ensaios de análise de alguns aspectos sobre a política internacional. O fulcro dessa análise é o antiimperialismo, a tentativa de explicar para os leitores que o antiimperialismo é a grande corrente política que pode unir os povos. A bandeira da luta antiimperialista é a grande bandeira que pode unir os povos em uma caminhada longa para a sua libertação. Obviamente quando falo em imperialismo, ele tem nome, sobrenome e endereço, se chama Estados Unidos da América, governo George W Bush, que felizmente está chegando ao seu final. O livro trata disso, aborda também alguns aspectos da atual política externa do Brasil, que é muito positiva. E aborda alguns aspectos da nova luta pelo socialismo, visto contemporaneamente, na medida que ele foi escrito no ano passado durante o calor das comemorações dos 90 anos da primeira revolução socialista, a revolução soviética. O texto procura tirar lições das virtudes e dos defeitos que aquele processo revolucionário e da construção do socialismo teve. É um livro voltado para o futuro, voltado para vislumbrar quais são as perspectivas da luta pela emancipação da humanidade. Além do lançamento do livro, você também está instalando uma seção do Cebrapaz no Paraná. Como funciona o centro, a sua linha de atuação e como as pessoas podem participar? O Cebrapaz significa: Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz. Todas as pessoas que lutam pela paz mundial, com uma perspectiva antiimperialista e todas as pessoas que querem protestar contra as guerras de agressão e estão solidárias com os povos agredidos por essas guerras podem participar do Cebrapaz. É uma associação civil sem fins lucrativos, é apartidária, não pertence a nenhum partido político, mas ela toma o partido das forças antiimperialistas. Nós apoiamos os processos de integração da América Latina, os processos da nova sociedade em Cuba, na Venezuela. Fazemos oposição a guerra do Iraque, a guerra no Afeganistão, as guerras preventivas da era Bush, somos a favor da libertação da Palestina. O Cebrapaz toma partido pelas grandes causas da humanidade, já está estruturado em 10 estados e, em um curtíssimo prazo, estamos organizando o Congresso Mundial da Paz e a Conferência Mundial da Paz, que se realizarão de 8 a 13 de abril em Caracas, na Venezuela. Nesse período a capital venezuelana será proclamada como capital mundial da paz e lá o conselho mundial da paz vai fazer um balanço de suas atividades nos últimos quatro anos, vai adotar deliberações até 2012 e eleger a nova diretoria. No Paraná, mais especificamente em Curitiba, de 26 a 28 de abril será realizado o Fórum Social do Mercosul e o Cebrapaz vai coordenar o painel “Paz e Soberania”. Como será essa discussão e como pode se avançar na busca da ‘paz soberana’ no continente? Os dois eventos, felizmente, serão realizados sucessivamente. Nós do Cebrapaz somos comprometidos com o êxito do Fórum Social do Mercosul. Somos partícipes desse processo. Estivemos presentes em julho do ano passado na chamada geral para o fórum, que foi extraordinária. Vamos honrar a tarefa, o encargo que nos deram de organizar um painel sobre a paz. Certamente seremos beneficiados na realização deste painel com as resoluções das reuniões em Caracas e acredito que os temas paz, desenvolvimento e soberania têm tudo a ver. Por exemplo, ontem (27), foram soltos mais quatro prisioneiros de guerra, dessa guerra na Colômbia que precisa ter um fim. Foram soltos por uma iniciativa, uma medida de mediação política tomada por iniciativa do presidente Hugo Chavez. Todas as forças democráticas do continente saudaram essa medida, exceto as forças da direita que não se conformam com o avanço de um processo de paz na Colômbia. Acredito que, se alcançarmos a paz na Colômbia, vamos dar um passo decisivo para completar o processo de integração política, cultural, econômica, física e trabalhista em nosso continente, facilitação do transito de pessoas. Trazer o tema de como um fórum, como o Fórum do Mercosul, pode contribuir para uma paz justa e democrática na Colômbia para que acabem os seqüestros, para que acabe o paramilitarismo, para que acabe a própria deflagração. Isso tudo soma com a idéia da soberania. De maneira que os temas paz e soberania estão intrinsecamente ligados porque o desenvolvimento econômico pressupõe a paz, pressupõe o entendimento, a cooperação internacional, a harmonia entre os países. Devido a isso, o Fórum Social do Mercosul dentro da diversidade que comporta, a discussão de temas tão diversificados, como os temas culturais, o tema da água, o tema da integração comporta também a discussão sobre a paz. No Paraná temos o exemplo de como é esse enfrentamento entre um governo popular e os setores retrógrados da mídia e de grupos econômicos E Requião faz este enfrentamento de forma muito firme, o que lhe rende uma oposição sistemática desses setores e que caba, através de uma decisão judicial, impondo uma censura às suas opiniões e críticas. Como você vê essa volta da censura e como podemos enfrentar essa situação de forma mais incisiva? Eu acho que a censura que o governador Requião sofre é um gravíssimo precedente na vida democrática brasileira. É um gravíssimo retrocesso, de caráter antidemocrático. A censura é típica de regimes ditatoriais, e malgrado estarmos sobre um regime democrático, estarmos sendo governados no poder central por um governo democrático, que é o governo do presidente Lula, e malgrado um ambiente geral positivo na sociedade brasileira. E infelizmente persistem bolsões direitistas e reacionários, que muitas vezes se abrigam no poder judiciário, e que tomam decisões abusivas, injustas. Podem tomar o pretexto que quiserem. Podem se estripar no texto jurídico que for, mas é uma evidente arbitrariedade. O governador Requião é uma voz destacada no contexto nacional, na luta pelo desenvolvimento nacional, na luta pela integração continental, na luta pelo aprofundamento da democracia no país, na luta pelo reforço da soberania nacional, na luta por reformas sociais. É um aliado do presidente Lula, é um aliado dos processos de libertação nacional e social no continente e deve ser por isso, por ser um líder de uma corrente política identificada com esses valores que ele sofre essa perseguição. Eu acredito que isso vai fazer água. Decisões desse tipo ou tentativas desse tipo contrariam a tendência principal de nossa época que é o aprofundamento da democracia. Como cidadão que também luta pela causa democrática, quero manifestar não só o meu apoio ao governador e as forças que lhe dão apoio no Paraná, mas quero manifestar minha convicção de que ele vai seguir em frente em sua caminhada, em seu trabalho, que vai dar resultado e essas decisões não vão resultar no objetivo que pretendem que seria calar sua voz e não vão calar Requião. E no final das contas vamos ouvir quem tem razão me mais uma vez a razão assistirá a aqueles que como o governador Requião defende os valores da democracia, da soberania, do desenvolvimento, da integração e das transformações sociais. Como você avalia essa decisão do STF que acaba com vários artigos da lei de imprensa, se tem aspectos positivos e negativos na decisão? A lei de imprensa que o STF está revogando, é uma lei de exceção da época da ditadura. Era um desses resquícios, um desses entulhos autoritários que já devia ter sido removido há tempos. Aliás, é estranho que estejamos vivendo em regime democrático há 23 anos, desde a eleição do presidente Tancredo Neves, esse entulho autoritário ainda não foi removido. O Brasil não precisa da lei de imprensa da ditadura e é preciso revogá-la. Acho estranho que isso só esteja sendo feito agora, em um momento que está havendo uma grande guerra entre grandes grupos de comunicação onde uma série de jornalistas e uma série de veículos de comunicação estão sendo processados com base na lei de imprensa. Sou a favor da extinção dessa lei, mas acho estranho que só agora apareceram democratas na imprensa para defender essa questão. Isso transparece um aspecto oportunista, tem a ver com a paralisação de processos judiciais que alguns jornalistas, emissoras e veículos de comunicação estão sofrendo. É preciso que o Congresso Nacional se debruce sobre o fato de se o Código Penal e o Código Civil dão conta ou não dos abusos que são cometidos pelos veículos de comunicação e por jornalistas irresponsáveis, profissionais que não honram sua profissão. É necessário fazer esse debate no marco legal de um debate mais amplo sobre a democratização da mídia, esse é que passo que o Brasil precisa dar num marco legal, como enquadrar em um marco legal a questão democratização da mídia e ao mesmo tempo de como ordenar a punição a jornalistas e a veículos de comunicação que caluniem, que deturpem, que mistifiquem, que mintam e que desinformem a população brasileira. Liderança de GovernoDeputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB)www.luizromanelli.com.brZé Beto Maciel/Luiz Filho/Daniel Abreuh2foz@hotmail.com – contato@luizromanelli.com.br – daniel@luizromanelli.com.br(41) 9648-1104/(41)9241-2401/(41)3350-4191/(41)9121-2114)