16/06/2011 16h37 | por Nádia Fontana /Foto Maria de Freitas
Créditos: Nádia Fontana /Foto Maria de Freitas
Estratégias para fomentar o consumo de pescados, especialmente na merenda escolar, foram debatidas hoje (16), durante a audiência pública “A Produção Pesqueira Paranaense e os Mercados Institucionais”, no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná. Atualmente, o consumo de peixes no país é de 9 quilos por habitante/ano, enquanto o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 12 quilos/habitante/ano.
O evento, uma proposição do deputado Professor Lemos (PT), discutiu também a necessidade da regularização das áreas para a inserção das famílias que vivem da aquicultura, em políticas públicas de desenvolvimento econômico e social. “Há uma cadeia ampla e complexa envolvida nessa questão. Temos que estimular a mudança de hábitos, definir estratégias de estimular a produção e a produtividade”, destacou o deputado.
De acordo com José Wigineski, superintendente federal da Pesca e Aquicultura, representante do Ministério da Pesca e Aquicultura, é preciso aumentar a produção de pescados de forma sustentável, elevando também a renda dos produtores. “Não podemos esquecer de incrementar a qualidade”, acrescentou. Ele comentou a situação de consumo de peixes pelos brasileiros e lembrou que, no mundo, o consumo per capita/ano já chega a 17 quilos: “Só vamos modificar essa realidade com programas de estímulo a hábitos saudáveis”, frisou.
De acordo com Wigineski, a produção de pescados no Brasil (de 1,240 milhão de toneladas/ano) é pequena em relação à capacidade do país. Cita estudos que apontam para um potencial produtivo de 20 milhões de toneladas/ano. Já o Paraná é destaque na produção nacional de pescados com 31 mil toneladas/ano. Se somar a esse número o volume da pesca extrativa, veremos que o estado coloca anualmente no mercado 40 mil toneladas. Existem mais de 10 mil pescadores profissionais registrados e outras 28 mil pessoas têm carteiras de pescador amador no território paranaense.
Merenda - Para a nutricionista Lorena Gonçalves Chaves, da Coordenação Nacional do Programa de Alimentação Escolar do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educação (FNDE) do Ministério da Educação, é justamente o estímulo aos hábitos saudáveis o grande caminho para a inclusão dos pescados na merenda. “Precisamos também cumprir com a legislação que determina, no Paraná, que cada grupo de mil alunos deve contar com o trabalho de uma nutricionista, justamente para garantir uma alimentação saudável nas escolas”, alertou durante os debates.
Dados de pesquisas apresentadas na audiência revelam que entre 1.700 municípios brasileiros, apenas 27% incluem o pescado no lanche fornecido aos estudantes. Entre os motivos da não inclusão deste produto foram citados a falta de fornecedores, o custo elevado, a baixa aceitação e o risco de espinhos. A região que mais inclui o pescado na alimentação dos alunos é a Sudeste, seguida pelo Sul.
Participaram do encontro Lafaete Jacomel, superintendente regional da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB); Reni Denardi, delegado federal do Desenvolvimento Agrário no Paraná, representando o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA); Ângela Maria Martins da Silva, presidente do Conselho Estadual de Segurança Familiar (Consea); George Luiz Alves Barbosa, presidente do Conselho Estadual da Merenda Escolar; Valéria Nitsche, coordenadora do Programa de Aquisição de Alimentos da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social (Setep); e Ana Luiza Muller, coordenadora-geral de Compras de Alimentos da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS); além de representantes da Secretaria de Estado de Educação e Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.
Aquicultura - Durante o evento, no período da tarde, foram apresentadas as experiências de inclusão de peixe nos projetos de fornecimento para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) no Paraná nos municípios de Marechal Cândido Rondon, Foz do Iguaçu e Paranaguá.
É importante lembrar que a aquicultura é a produção de organismos aquáticos, como a criação de peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios e o cultivo de plantas aquáticas para uso do homem. Dados do Governo do Paraná mostram que, no estado, existem 22 mil propriedades que se dedicam exclusivamente à aquicultura. O sistema de produção de peixes é feito em viveiros escavados, tanques ou açudes, onde as larvas e alevinos (larvicultura e alevinagem) passam por um período de engorda. Em 2007 a produção de peixes em viveiros escavados, tanques ou açudes foi de 22 mil toneladas no Paraná. Já no ano de 2009, a produção atingiu um patamar de 40 mil toneladas, com crescimento de 85%.
Até 2011 a expectativa do Ministério da Pesca e Aquicultura é de que a produção total de pescado atinja a meta de 1,43 milhão de toneladas, conforme previsto no plano “Mais Pesca e Aquicultura”, lançado pelo governo em 2008. De acordo com essas projeções, a aquicultura responderá por cerca de 570 mil toneladas/ano e a pesca extrativa, tanto marítima quanto continental, com cerca de 860 mil toneladas/ano.