Representantes de órgãos públicos e da sociedade civil participaram nesta quarta-feira (25), na Assembleia Legislativa, de uma audiência pública que discutiu mecanismos que possam garantir a proteção do Aquífero Karst. Explorado desde o início da década de 90, o reservatório subterrâneo de água que abastece parte da população de oito municípios da Região Metropolitana de Curitiba vem apresentando problemas por causa da ocupação excessiva da região. “Estamos numa região que está sendo adensada muito rapidamente. Hoje a Grande Curitiba possui aproximadamente 3 milhões de pessoas que vivem sobre um terreno bastante sensível”, disse o deputado Luiz Eduardo Cheida (PMDB), presidente da Comissão de Ecologia e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, que coordenou a audiência. Por causa da pressão urbana, Cheida defendeu a definição de formas de proteção do reservatório. Para o deputado, a implantação de três medidas, em curto prazo, pode garantir essa proteção. Uma delas seria a aprovação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA), que está sendo desenvolvido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O parlamentar defende ainda a criação de um grupo gestor que discipline o que pode e o que não pode ser feito na região.Cheida acredita que a Assembleia também pode contribuir no processo, identificando lacunas na legislação que possam ser corrigidas por meio de projetos de lei apresentados pelos deputados. Um deles, segundo o parlamentar, poderia proibir a incidência de chuva ácida na região, o que é possível através do controle da emissão de gases poluentes. Outra proposição poderia garantir a ampliação da rede de coleta de esgoto, que na região é de apenas 30%, em média. Durante a audiência, o diretor-presidente da Mineropar, Eduardo Salamuni apresentou um estudo sobre os aspectos e características de terrenos kársticos. Para ele, a retirada em excesso de água de reservatórios existentes nessas áreas é um problema, mas a urbanização excessiva que impede a infiltração da água da chuva também traz dificuldades para a manutenção do volume de água na região.“A ocupação de terrenos kársticos traz riscos de contaminação da água subterrânea, o abatimento geotécnico, a compactação do solo, o rebaixamento do nível e, consequentemente, a perda de vazão nos rios da região”, disse. Donizete Giusti, chefe do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), também alertou para os riscos da ocupação acelerada na região. “O Karst está numa região de terreno sensível e precisamos levar em consideração quanto pesa uma cidade. O excesso de peso pode trazer prejuízos geológicos para a região”, disse.Jurandir Boz Filho, que representou o Instituto das Águas – antiga Suderhsa – lembrou que a exploração do Aquífero Karst, pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), começou em 1991. “Na época não se conhecia o potencial desse reservatório. Por ter uma água boa e barata, essa exploração aconteceu intensamente provocando acidentes geotécnicos, causando rachaduras em casas”, disse.Segundo Boz, por causa desses problemas, a Suderhsa começou a fazer restrições de vasão de poços a partir de 1996, o que ajudou a reduzir em 90% o número de acidentes. Hoje, em função da necessidade de abastecimento de água, a Superintendência vem autorizando a exploração de poços apenas para os municípios onde eles existem. “Não se autoriza, por exemplo, a retirada da água para abastecimento de Curitiba”, garantiu.O Aquífero Karst se estende por uma área de aproximadamente 6 mil metros quadrados, abrangendo 13 municípios, alguns da Região Metropolitana de Curitiba, Castro e Ponta Grossa. Participaram ainda da audiência, representantes da Coordenadoria da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), da Sanepar, da Secretaria de Estado da Agricultura e da comunidade atingida pelo reservatório.