11/07/2012 13h33 | por Sandra C. Pacheco
Professor João José BigarellaCréditos: Nani Gois/Alep
A Comissão Especial criada na Assembleia Legislativa para tratar de questões ligadas ao Museu de Geologia e Paleontologia do Parque Estadual de Vila Velha fez na manhã desta quarta-feira (11) sua quarta reunião ordinária, desta feita para ouvir o idealizador do projeto, professor João José Bigarella, a professora de Turismo em áreas Naturais da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Jasmine Cardozo Moreira, e o ex-diretor executivo do museu, Paulo Drabik. Dois convidados deixaram de comparecer: o secretário de Infraestrutura e Logística José Richa Filho, que se encontra em Brasília, e o representante da comunidade local, Emerson Sidnei da Silveira.
Bigarella mais uma vez procurou destacar a importância da iniciativa, frisando que, a seu ver, a magnitude do empreendimento deve se sobrepor aos entraves burocráticos e conflitos de competência apontados até agora, garantindo para o Paraná uma instituição sem igual no país e no continente. Tanto ele quanto a professora Jasmine minimizaram as falhas estruturais do edifício já construído nas dependências do parque e que vários órgãos do Governo vem apresentando como impeditivos da instalação do museu. Foi na mesma linha seu ex-diretor executivo, que levantou ainda a hipótese de federalização como forma de vencer as divergências entre os órgãos estaduais envolvidos no processo e de garantir recursos para a implantação e manutenção de um centro de geologia e de conhecimento tão importante para a região dos Campos Gerais.
Geoturismo – A professora Jasmine falou sobre as soluções que propôs em sua tese “Geoturismo – Interpretação Ambiental”, feita para a Universidade Federal de Santa Catarina e sob a orientação do professor Bigarella, e observou que já existe uma demanda por esse tipo de turismo na região, que atrai estudantes de todo o Brasil e até de outros países. Ela admite que o edifício construído para abrigar o museu possui efetivamente problemas estruturais e que ações fragmentadas e imprecisas da administração estadual anterior colaboraram para alimentar o impasse.
Ainda assim, ela refutou as afirmações de técnicos da Secretaria da Cultura, de que o empreendimento comprometeria a paisagem original do Parque: “Visitei parques em diversos pontos do mundo e todos eles dispõem de algum tipo de estrutura para permitir o turismo. E o que já foi feito no parque, será que não representa uma interferência muito maior?” indagou.
O professor Bigarella foi além, lembrando que foi necessário entrar com uma ação judicial quando “máquinas invadiram o parque no passado, destruindo as condições geológicas originais”. Segundo ele, optou-se por construir o edifício na localização em que está justamente para evitar prejuízos maiores à conformação natural do parque e recuperar, em parte, o dano causado pela construção de piscinas em rochas de arenito, portanto porosas.
Para ele, mudar o edifício de localização representaria um prejuízo ainda maior para o Parque, além de desconsiderar os investimentos que já foram feitos com recursos públicos e todo o material angariado com apoio dos meios acadêmicos e outros. Afirmou que o museu não vai se limitar a guardar amostras geológicas, mas foi concebido para ilustrar com cenários o desenvolvimento da terra desde o período dos dinossauros. Cenários e vidros curvos já foram adquiridos: “O museu não foi concebido para ser uma vitrine de amostras, mas de cultura”, protestou.
Segundo ele, Vila Velha não é um Geoparque na ampla acepção do termo porque não dispõe de um museu: “Estamos dando passos negativos, contra a ciência e contra a cultura”, lamentou em relação aos entraves burocráticos que vêm retardando a concretização de seu projeto.
Ao fim da reunião, da qual participaram ainda os deputados Pastor Edson Praczyk (PRB), presidente da comissão, Péricles de Mello (PT), relator, Cantora Mara Lima (PSDB) e o presidente da Fundação Bigarella (Funabi), Glaucon Horrocks, Praczyk propôs que a CE visite o parque e as obras do museu, para verificar em loco suas condições.