As mortes por falta de UTIs no Paraná esquentou o debate na Assembléia ontem. Atendendo requerimento do deputado Plauto Miró Guimarães (PFL), o secretário Cláudio Xavier, e o promotor público de Ponta Grossa, Fuad Faraj debateram sobre a situação da saúde no Estado.“Este debate foi importante para discutir a saúde do Paraná. A obrigação do governo é investir e priorizar a saúde, coisa que não vem acontecendo”, disse Plauto. De acordo com o líder do PFL, para isso é inevitável que haja o contraditório para que o público possa conhecer a situação do setor. “As pessoas estão morrendo por falta de leitos. O governo anuncia boas coisas e a realidade não é esta. As pessoas estão morrendo por falta de estrutura na área de saúde”, reiterou Plauto.O líder da oposição, deputado Valdir Rossoni (PSDB), disse que há muito tempo o governo não está aplicando o que deveria na área de saúde. A maior prova é a auditoria do Ministério da Saúde em 2004, que denuncia a não aplicação de 12% do orçamento na área de saúde. “Eu tenho exemplos na região de União da Vitória. O município gasta hoje em torno de 25% em saúde e não melhora o atendimento porque tem que cumprir com obrigações que o Estado não cumpre”, exemplifica.Rossoni citou que União da Vitória chega a mandar para Curitiba 500 pessoas por mês, de ônibus ou ambulância, porque o Estado não atende na microrregião as necessidades da população. “Esta regionalização da saúde na verdade não existe é virtual. De acordo com auditoria do Ministério da Saúde, o Estado aplicou 7,3% do orçamento, quando deveria aplicar 12%”, cobrou.O promotor Fuad Faraj considerou o debate positivo. “Fico contente porque a população do Paraná precisa saber das mortes que ocorrem, da falta de leitos de UTIs e que há pessoas morrendo na fila de espera. Isso é extremamente importante. Até então a secretaria não revelava”, disse.Faraj disse que pela normas da Associação Médica Brasileira de Medicina Intensiva o ideal é ter 1.700 leitos de UTI no Paraná, o que corresponde a 6% dos leitos hospitalares. “Há, portanto, um déficit de cerca de 800 leitos de UTIs”, frisou.Sobre as afirmações do secretário Cláudio Xavier que o volume de 1.024 mortes por falta de leitos de UTIs são falsas, o promotor rebateu reafirmando que estas pessoas estavam aguardando na fila da UTI. O promotor disse que há data e hora de solicitação de leito e data e hora do óbito. Ele requisitou também os prontuários médicos e as solicitações de vagas, que ocorreram nos hospitais da região e constatou que os números batem com as primeiras informações da centrais de leitos. “De qualquer maneira o número de mortes é muito grande. Só no Pronto-Socorro de Ponta Grossa nos últimos dois anos foram 104 mortes. Os documentos que eu tenho são os mesmos das centrais de leito: o que não bate é a interpretação que a secretaria quer passar para a opinião pública, que é inverídica”, finalizou.