A audiência pública para tratar do projeto de lei de autoria do deputado estadual Jocelito Canto (PTB), que dispõe sobre o transporte de cadáveres e serviços funerários, possibilitou o amplo debate com representantes de poderes públicos municipais, além de empresários do setor. O projeto deve receber emendas, principalmente porque a intenção do parlamentar é buscar alternativas para corrigir deficiências e melhorar o atendimento à população paranaense.Segundo Canto, algumas sugestões e modificações poderão incorporar o projeto, entre elas a garantia de atuação das autarquias municipais sobre o sistema funerário e a exclusividade pelas empresas em que esteja sediado o IML, no caso do corpo ser encaminhado a ele, ou o atendimento às famílias pelo serviço funerário na cidade em que residia a pessoa falecida, por exemplo.Mas as diferentes posições na audiência pública levantaram a bandeira da importância da proposição. Entre os participantes, o representante do serviço funerário municipal, Augusto Canto Neto, defendeu o modelo de rodízio como uma maneira de garantir o equilíbrio entre a prestação do serviço. Em contrapartida, Geraldo Mocelin, que falou em nome das funerárias da Região Metropolitana, defendeu a urgente aprovação do projeto do deputado estadual Jocelito Canto, permitindo a livre escolha do serviço funerário. Na opinião do parlamentar, a audiência pública foi extremamente positiva e abordou assuntos relevantes, como é o caso da atuação das autarquias municipais, citando o exemplo da Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina (Acesf), representada por Camila Zulian, que ressaltou o bom funcionamento do sistema na cidade, sem a concorrência das empresas funerárias. “Já ouvi falar do sistema em Londrina, onde uma autarquia administra o serviço. Vamos verificar como funciona este modelo”, afirmou Canto.Anjos da morteApesar da ampla discussão envolvendo o projeto, o pronunciamento de Pedro Zenti, coordenador da campanha “Descanse em paz”, que postula a moralização do serviço funerário, chamou atenção dos parlamentares. Zenti apontou o problema do agenciamento de cadáveres e atuação dos chamados “Anjos da morte”, pessoas que trabalham em UTI´s e provocam a morte de pacientes terminais em troca de comissões com as empresas funerárias.Para Canto, a atuação dos “Anjos da morte” é muito séria e precisa urgentemente ser combatida. “Escutei aqui sobre os Anjos da morte e isso me preocupou, porque quando alguém afirma que pessoas na UTI em estado terminal são induzidas à morte, temos um caso grave. Vamos averiguar essa situação”, declarou o deputado. O parlamentar cobrou também a participação do Instituto Médico Legal (IML) na discussão do projeto, lembrando que uma das cobranças feitas ao governador Roberto Requião é justamente a melhoria no atendimento do serviço. “Tenho cobrado do governador investimentos nos IML´s, porque acho importante esta discussão. O IML é lugar mais triste de uma cidade. E o assunto envolve esta esfera. Por isso, acho que a nossa audiência foi produtiva e vai chamar atenção ainda mais sobre o assunto”, disse Canto.