Estima-se que só no Paraná ainda existam 3 milhões de quilos de Hexaclorobenzeno, agrotóxico conhecido como BHC ou pó de broca, usado nas culturas do algodão e do café e proibido no Brasil desde 1985. Tal substância pode causar danos irreversíveis ao sistema nervoso central, mas, a exemplo de outros agrotóxicos também rechaçados legalmente, permanece armazenado por agricultores, quase sempre em condições precárias, o que apresenta riscos à saúde pública e predispõe à contaminação do solo, da água e do ar. Agora, o Governo do Paraná deu o passo inicial para a resolução do problema, ao sancionar um projeto de Lei de autoria dos deputados estaduais Luiz Eduardo Cheida - que é médico - e Rosane Ferreira, estabelecendo prazo de seis meses para que pessoas físicas e jurídicas informem aos órgãos competentes a guarda de quaisquer agrotóxicos proibidos por lei. A partir daí, é o Estado que vai se incumbir de retirar o veneno da propriedade e dar-lhe um destino adequado. O PL determina, a partir dessa auto-denúncia, que os agricultores ficarão isentos de sanções de qualquer natureza relacionadas à guarda desses produtos. “O Estado não sabe onde os agrotóxicos proibidos estão e quem sabe tinha medo de contar”, diz Cheida. “Tornar os agricultores parceiros será a certeza de eliminarmos estes agrotóxicos proibidos do Paraná de uma vez por todas”, reforça.O projeto, pioneiro no país, já havia recebido apoio unânime do Conselho Estadual do Meio Ambiente. A necessidade de intervenção do Estado, segundo Cheida, justifica-se sobretudo porque a destinação correta desses produtos exige incineração com temperatura igual ou superior a mil graus centígrados, condição só existente em dois locais do Brasil – Belford Roxo, no Rio de Janeiro, e Suzano, em São Paulo. “O investimento para o Paraná é ínfimo diante dos benefícios diretos e indiretos para a saúde pública e da economia com despesas para a contenção e recuperação dos danos ambientais causados por estes agrotóxicos”, pondera o deputado.