Péricles de Mello*Os professores e professoras de todo o Brasil e de todos os níveis de ensino (educação infantil, fundamental, médio e superior) comemoram hoje o seu Dia, em condições praticamente inéditas das últimas décadas. Nosso país conseguiu superar o impasse econômico dos anos 80 e 90, quando a economia praticamente estagnou. Hoje, as taxas de crescimento, embora aquém do que gostaríamos, garantem o desenvolvimento, dezenas de milhões de pessoas saem da linha da miséria, a classe média cresce numericamente, o comércio flui, e o povo brasileiro começa a consumir não apenas produtos materiais, mas também culturais. Passamos a dar mais valor à educação, a fiscalizar, a cobrar qualidade tanto das instituições públicas quanto das privadas. O crescimento da economia tem ainda outra conseqüência, que é a exigência de mão-de-obra mais qualificada e bem formada. Os novos ares econômicos constituem uma alavanca poderosa para que a educação também se desenvolva. É bom lembrar que este novo cenário econômico também tem impacto nos estados e municípios.Porém, isso apenas não basta. Foram necessários outros elementos para que o sistema educacional brasileiro e, com ele, os profissionais que o fazem funcionar, desse um salto nos últimos anos. De um lado, o fortalecimento progressivo das organizações representativas dos interesses dos professores, nos seus mais diversos níveis, pressionam e apontam o caminho para instâncias governamentais. Do outro, temos a presença de um governo federal que de fato dá importância à educação, particularmente ao ensino público, e que foi responsável por uma série de medidas históricas para o setor.Devemos lembrar aqui a instituição do Piso Salarial Nacional para os professores da rede pública (que alguns governos estaduais, adversários do governo Lula, lamentavelmente tentam torpedear), o ProUni (que concede bolsas de estudos em universidades particulares para alunos de baixa renda), o Reuni (no qual o governo destina verbas para aumentar o número de vagas, de cursos e de períodos nas universidades federais) e tantas outras medidas.No caso do Paraná, a ação permanente da APP-Sindicato, que representa os professores estaduais, de Sindicatos dos Docentes do Ensino Superior e as iniciativas do governo estadual, não foram menos meritórias. Os professores e professoras da rede pública tiveram reajustes salariais, conseguiram seu Plano de Cargos, Carreira e Salários, assim como os professores das universidades estaduais. O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) oferece um programa de formação continuada para os professores da rede pública. Algumas demandas, como a aposentadoria de diretores de escola e pedagogos, estamos em processo de resolvê-las.Há ainda um longo caminho a percorrer até que os professores atinjam condições de trabalho condizentes com a importância social da sua profissão. Mas é justo que no dia de hoje, todos comemoremos as recentes conquistas. Como professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, sempre tive uma forte ligação com essa categoria. Em toda a minha carreira política, como vereador, deputado estadual e prefeito de Ponta Grossa, contei sempre com a ajuda dos professores e professoras. Só posso retribuir renovando meu compromisso de defender sempre a educação pública e seus trabalhadores. Ao mesmo tempo, envio meu caloroso abraço a cada um desses profissionais que estão na linha de frente da construção de um Brasil mais justo, mais humano, mais digno. *Péricles de Mello é deputado estadual (PT), presidente da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa do Paraná