Família, profissão e corrida, as paixões da PM Borrasca

13/12/2019 09h32 | por Thaís Facco / Alep
Borrasca e a tocha da Olímpiada de 2016

Borrasca e a tocha da Olímpiada de 2016Créditos: Orlando Kissner / Alep

Borrasca e a tocha da Olímpiada de 2016

Borrasca e as dezenas de medalhas que ela colecionaCréditos: Orlando Kissner / Alep

Borrasca e as dezenas de medalhas que ela coleciona

Borrasca e seu mais importante companheiro de corrida : seu filhoCréditos: Divulgação

Borrasca e seu mais importante companheiro de corrida : seu filho

Borrasca em mais uma de suas aventurasCréditos: Divulgação

Borrasca em mais uma de suas aventuras

Borrasca em uma das corridasCréditos: Divulgação

Borrasca em uma das corridas

Borrasca exibe seu uniforme com orgulhoCréditos: Orlando Kissner / Alep

Borrasca exibe seu uniforme com orgulho

Na vida temos várias paixões, mas a soldado da Polícia Militar, Tyane Borrasca, três são seu pulsar diário: família, profissão e corrida. Ela que trabalha no Gabinete Militar da Assembleia Legislativa do Paraná, conta que a corrida é sua família e a “culpada” pelo despertar pelas competições de rua e pelo ingresso na Polícia Militar do Paraná.

A falta de amor próprio foi à válvula propulsora pelo amor à corrida. Ela conta que começou correr, logo depois que seu filho Matheus, nasceu. “Comecei porque não gostava de mim, do meu corpo, me achava feia, o patinho feio”, diz ao observar que começou a fazer caminhadas para melhorar a autoestima. “Nunca fui obesa ou tive problemas com peso. Eu só não tinha amor próprio mesmo. E academias eram poucas e caras na época. E para correr eu só precisa de um tênis e uma roupa confortável”, afirma ela que corre há mais de 20 anos.

Tudo começou com uma ou duas horas de caminhadas, que depois se transformaram em corridas. “A caminhada me dava uma sensação muito boa, e eu ficava encantada com essa sensação. Depois vieram as corridas, ali me encontrei e não parei mais”, explica.

A primeira participação em uma corrida de rua foi inusitada. “Eu não sabia nem como fazer a inscrição, eu não tinha computador em casa, mas foi através de um senhor que passava sempre por mim correndo e me sugeriu participar de uma corrida”. E ela foi, fez a inscrição e encarrou o desafio. “E tudo deu errado naquele dia. Meu filho não dormiu à noite, vomitou, passou mal, não tinha com quem deixar ele, chovia no dia. Tudo para eu não ir, mas peguei meu filho, um táxi e fui. Isso em 2004, uma corrida de 10 km, no Centro Histórico de Curitiba”, lembra.   

 

Seguindo os passos

 

O filho Matheus, hoje com 23 anos, também seguiu os passos da mãe. Mas o ingresso dele ao mundo da corrida foi um despertar. Borrasca queria que o amor, o envolvimento, essa sensação de prazer imenso que a corrida proporcionava para ela, outras pessoas sentissem, incluindo o seu filho. “Eu queria contagiar as pessoas e queria que ele sentisse isso também. Queria que ele fosse comigo, mas com 16, 17 anos não quer saber de fazer nada”. Ela mudou a tática e o incentivou a ingressar numa academia. “Não queria que ele ficasse corcunda, sem postura ou ter problemas de saúde. Mas com o tempo a academia ficou monótona para ele, que por si só despertou para as corridas”. Orgulhosa ela conta que hoje ele está entre os melhores corredores de Curitiba, corre muito bem e é extremamente dedicado. E, hoje, ele que não queria correr, tem uma assessoria de corrida, treina iniciantes e profissionais.

 

Piquenique no parque

 

Mas nesta história há uma particularidade. Borrasca conta que quando seu filho tinha entre oito e nove anos, ela ia com ele ao parque para correr. “Íamos a pé para economizar com o ônibus, ele um pouco caminhando, um pouco no cangote. Chegando lá, eu estendia uma toalha no chão, fazia um piquenique e ele ficava ali brincando com seus carrinhos e eu ia correr. Ele ficava ali, eu dando voltas no lago do Parque Bacacheri e olhando para ele, sempre atenta a ele. E isso ele lembra até hoje, foi algo que o marcou muito ”, conta.

Marcou tanto, que ele começou a entender o que levava a mãe a correr, no sol, com chuva, em horários inusitados, a sensação que era aquilo tudo. “Ele entendeu essa sensação do prazer, do bem estar, do prazer que a corrida, ou qualquer esporte proporciona. A corrida é só o seu corpo, essa máquina humana que faz tudo. Isso que é o incrível. É o colocar o corpo em movimento”, explica.

 

Superação  

 

O que mais a marcou foram às provas disputadas fora do país, que tem gostinho especial. “A menina que corria na rua porque não tinha recursos para pagar uma academia, se preocupava com os valores das taxas das inscrições, se ver correndo fora do Brasil foi uma conquista”. Estas corridas internacionais a marcaram de forma profunda. “Olha até onde eu cheguei através da corrida e não acabou, tem muito mais”. De ruim ela não destaca nada, “porque a sensação de prazer e alegria eram muito maiores que qualquer dor”. E olha que ela já competiu com dores, sinusite, unhas machucadas, pé virado, fadiga e canseira.

 

Tocha Olímpica

 

Borrasca também foi uma das 170 selecionadas entre atletas, policiais militares e pessoas de destaque na sociedade para conduzir a Tocha Olímpica, símbolo das Olimpíadas de 2016 e que passou por Curitiba. A sua escolha foi através de uma linda história de amor e superação.

Incentivada por um amigo e professor de Educação Física, ela encaminhou uma carta contando sua história à Nissan, uma das empresas que na época selecionaram as pessoas que iram se revezar na condução da tocha na capital paranaense. De início ela resistiu, mas acabou contando sua história e foi selecionada.

Muito emocionada e com lágrimas nos olhos, a história que fez com que Tyane fosse uma das selecionadas diz respeito à sua irmã, Adriana. Em 2013 sua mãe precisou de um transplante de rim, doado por seu marido. Mas em 2015, sua mãe acabou falecendo devido a um câncer de mama. No final de 2013, início de 2014 a irmã mais velha dela precisou de um rim. “O médico foi bem cético com ela: hemodiálise, ou a fila do transplante porque não temos mais saída e seu rim não aguenta mais”, conta.

 

Transplante

 

“Ela veio falar comigo que não aguentaria, porque o tratamento já era muito pesado. Ela mãe de três filhos, eu não hesitei e disse que doaria. Ela receosa, me disse que não porque eu corria, era atleta. Eu disse: menina, eu corro, eu cuido da minha saúde há tantos anos e por alguma razão Deus já me preparou para tudo isso. O olho dela brilhou”. Elas fizeram uma bateria de exames, mas o mais importante era a compatibilidade. Para alegria de ambas deu 100% de compatibilidade. O sentimento e a ação de solidariedade à irmã, trouxe felicidade e quando fazemos um ato por amor, a recompensa vem. Em janeiro de 2014 ela fez o transplante. Também em janeiro, mas de 2016, Tyane recebeu a notícia que havia sido selecionada para participar do revezamento.

A sensação de conduzir a tocha foi indescritível. “Uma vez ouvi de alguém que nem a religião une as pessoas como o esporte une. Aliás, há países em guerra por conta da religião, mas por conta do esporte as pessoas param, se unem, torcem. Eu senti isso na pele. Pessoas que eu nunca vi na vida me paravam para tirar foto comigo e com a tocha e não era por mim, mas sim pelo o que eu representava naquele momento que era o esporte, a Olimpíada no Brasil”, relembrou. “Foi incrível, uma festa gigante, uma sensação que eu nunca mais vou esquecer. A tocha e a vestimenta são para personificar tudo isso”, lembra.

 

Ingresso na polícia

 

A corrida também está envolvida na escolha da profissão que ela exerce hoje. Ela não sabia nem como fazia para ingressar na PM ou pensava em ser policial. “Eu nem sonhava em ser policial. Mas uma vez correndo no Parque Bacacheri, um rapaz que eu sempre encontrava nas corridas me incentivou. Ele disse você é alta, atlética, está sempre correndo, vai abrir o concurso da PM vai lá e faz”, relembra.

Instigada pelo “amigo de corrida”, ela fez o cursinho, fez a prova e passou. “Ele que estava todo animado em fazer a prova, em participar do processo acabou ficando de fora porque se esqueceu de pagar a inscrição”, comentou ao lembrar que até hoje ele não ingressou na PM. Ela entrou em 2006 e a profissão se tornou sua paixão. “Amo meu trabalho, amo minha profissão”, afirma ao contar que fez a escola da Cavalaria onde ficou por 10 anos.

 Trabalhando no policiamento da cavalaria montada ela participou de ações em jogos de futebol, rebeliões em presídio, reintegração de posse, shows e eventos. “Todas as situações inusitadas do trabalho da polícia eu fiz a cavalo, então a cavalaria é a minha unidade do coração”. Ela também fez parte do Batalhão de Choque e de Lanceiros da Cavalaria, trabalhou por três anos na Casa Militar e a convite do major Selleti, no começo de 2019, veio trabalhar na Assembleia Legislativa.

Suas paixões são corrida, a sua companheira, a sua terapia, um membro da família; a polícia que ela ingressou por acaso e ama; mas principalmente Deus e a família que são seus alicerces, suas bases. “Meu marido (tenente-coronel Neto) gosta mesmo de futebol, ele me acompanha, me incentiva e até participa de algumas provas por diversão, por bem estar”, conta.

Com o seu filho, seu maior amor, orgulho e hoje incentivador, ela já fez uma dupla em Santa Catarina, Itajaí, para disputar uma meia maratona de 21 km. “Fomos campeões, chegando sete minutos na frente do segundo colocado. Foi muito lindo, incrível mesmo”. A segunda prova foi em Curitiba, na Maratona de Curitiba, onde cada um correu 21 km, terminando em sétimo na colocação. “Não é pelo pódio, mas por poder correr e completar uma prova com o meu filho”, disse ela que acumula 57 troféus e 94 medalhas, fora as que ela doou às pessoas que a acompanham nas corridas como forma de agradecimento e de incentivo à prática esportiva.  

Tyane anda cuidando muito bem da suas paixões.

 

 

Se você tem uma história bacana para compartilhar, fotos ou sugestões, fale com a gente entrenos@assembleia.pr.leg.br 

 

 

Agenda

TRAMITAÇÃO DE PROJETOS

LEIS ESTADUAIS

PROJETOS PARA JOVENS

  • Visita Guiada
  • Geração Atitude
  • Parlamento Universitário
  • Escola do Legislativo
Assembleia Legislativa do Estado do Paraná © 2019 | Desenvolvido pela Diretoria de Comunicação