
Doar sangue é um ato de solidariedade que pode salvar até quatro vidas. Contudo, com o início do inverno, os estoques nos bancos de sangue sofrem uma queda. Os motivos são diversos, como condições climáticas, doenças típicas da estação, como gripes e resfriados, período de férias e até o receio de doar. Por esses motivos, a campanha mundial Junho Vermelho enfatiza a importância da doação, reforça a conscientização e encoraja as pessoas a doarem neste período do ano em que os estoques baixam. A campanha também coincide com o Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado em 14 de junho.
O médico e presidente da Comissão de Saúde Pública da Assembleia, deputado Tercílio Turini (MDB), observa que as pessoas não devem temer a doação de sangue, pois é totalmente segura e não prejudica o doador. “Os hemocentros seguem critérios rigorosos, só coletam de quem atende às exigências. Campanhas como o Junho Vermelho são fundamentais para levar informações à população e incentivar a participação”, disse, pontuando que doar sangue é um ato de amor, solidariedade e uma contribuição decisiva para salvar vidas, colaborar em tratamentos de doenças e fazer o bem ao próximo. “No geral, a pessoa não sabe para quem está doando, e isso reforça ainda mais o alcance da atitude individual.”
Ex-secretária de Saúde de Curitiba, a líder do Bloco Parlamentar de Saúde Pública, deputada Márcia Huçulak (PSD), destaca que doar sangue é muito mais do que um ato de solidariedade. “É um gesto simples, mas fundamental para garantir estoques suficientes para atender emergências, cirurgias e tratamentos graves. Doar sangue significa salvar vidas e melhorar as condições de tratamento para muitos pacientes.” Para ela, a campanha do Junho Vermelho é importante para reforçar um hábito que deve ser mantido ao longo do ano, respeitando as particularidades de saúde de cada um. Em geral, homens adultos podem fazer até quatro doações por ano (com intervalo mínimo de 60 dias) e mulheres, três (com intervalo mínimo de 90 dias).
O coordenador da Frente Parlamentar da Medicina e Odontologia, deputado Ney Leprevost (União), alerta que, no inverno, os estoques dos bancos de sangue caem drasticamente, colocando em risco quem mais precisa. “A sua doação pode ser o gesto que transforma desespero em esperança. Seja solidário. Seja herói. Doe sangue.”
Somente em 2025, o Paraná registrou 87 mil doações de sangue. Durante todo o ano passado foram mais de 204 mil. Cada bolsa de sangue de 450 ml produz até quatro hemocomponentes que são separados em hemácias, plaquetas, plasma e crioprecipitado (plasma fresco congelado) e podem ajudar a salvar até quatro vidas. No Paraná, o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar) é responsável por 95,6% do estoque dos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS), abastecendo 375 hospitais, públicos, privados ou filantrópicos.
Legislações
Como forma de incentivar e beneficiar os doadores de sangue, a Assembleia Legislativa aprovou inúmeras propostas que se transformaram em leis. Entre elas, a Lei 19.832/2019, do deputado Evandro Araújo (PSD), que prioriza o atendimento de doadores de sangue raro e fenotipados convocados pelos bancos de sangue do estado; a Lei 19.293/2017, do ex-deputado estadual e atual deputado federal Paulo Litro (PSD), que garantiu aos doadores de sangue a isenção do pagamento de taxas de inscrição em concursos públicos e processos seletivos realizados pelo Paraná. Essa legislação recebeu atualizações feitas pelas leis 20.310/2020, do deputado Ricardo Arruda (PL), e 22.212/2024, do deputado Samuel Dantas (SD), como a comprovação da condição de doador. Ainda em relação à isenção, a Lei 22.130/2024, que criou o Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 302, autoriza a meia-entrada para doadores regulares de sangue, doadores de um dos rins e doadores de parte do pulmão, do fígado ou da medula óssea, em eventos artísticos, culturais e esportivos.
Outro aspecto abordado em leis estaduais está relacionado à saúde pública. É o caso da Lei 11.364/1996, do ex-deputado Plauto Miró, que obriga a realização do teste de HIV para detecção do vírus da AIDS nas doações de sangue, esperma e órgãos humanos para transplante no estado; a Lei 17.083/2017, do deputado Artagão Júnior (PSD), que estabelece medidas de segurança para evitar a troca de sangue em casos de transfusão nas dependências de hospitais públicos ou privados, casas de saúde e maternidades; e a Lei 19.441/2018, do ex-deputado Nereu Moura, que obriga a afixação de cartazes nos estabelecimentos comerciais que oferecem serviços de aplicação de tatuagem permanente, piercing ou maquiagem definitiva, informando o impedimento de doação de sangue por determinado tempo.
Conscientização
Há ainda a Lei 14.528/2004, que criou a Semana de Doação de Sangue, a ser realizada anualmente, tendo como referência a data de 25 de novembro, dia do Doador de Sangue. Essa legislação foi alterada pela Lei 15.406/2007, que acrescentou artigo que beneficia a pessoa que comprovar formalmente sua condição de doador regular de sangue com passe livre nos ônibus urbanos, qualquer que seja o seu trajeto, no dia instituído pela lei (25 de novembro), bastando apresentar sua carteira de doador devidamente atualizada.
O Paraná ainda conta com a Lei estadual nº 13.964/2002, por proposição do ex-deputado Luiz Carlos Martins, que concede desconto de 50% (cinquenta por cento) em eventos culturais e artísticos para doadores de sangue.
Também estão vigentes a Lei 20.594/2021, do ex-deputado Emerson Bacil, que cria a Semana Estadual da Conscientização e Incentivo à Doação de Sangue por parte dos servidores públicos do Paraná, a ser realizada na terceira semana de dezembro; a Lei 20.292/2020, do deputado Anibelli Neto (PDB), que institui o Julho Vermelho, mês dedicado a ações de conscientização e incentivo à doação de sangue; e a Lei 20.956/2022, do ex-deputado Ademir Bier, que concede o Título de Capital Estadual da Doação de Sangue ao município de Palotina.
Quem pode doar
Para doar sangue, é necessário ter entre 16 e 69 anos completos (menores de idade necessitam de autorização e presença do responsável legal); pesar no mínimo 51 quilos; estar bem alimentado, descansado e hidratado; e apresentar documento oficial com foto. “É importante que as pessoas doem sangue de forma regular para que possamos manter nossos estoques em níveis adequados”, disse a diretora do Hemepar, Vivian Patricia Raksa. Mais informações no site do Hemepar (www.hemepar.pr.gov.br) ou pelo telefone 0800 645 4555.