Audiência pública reúne cúpula do Governo e setor produtivo para debater retomada de atividades no Paraná Encontro aconteceu de forma remota, na manhã desta terça-feira (22) e foi promovido pela Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda da Assembleia Legislativa.

22/09/2020 14h41 | por Claudia Ribeiro
Deputado Paulo Litro, presidente da Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda da Assembleia Legislativa do Paraná, comandou o debate sobre a retomada das atividades econômicas no estado.

Deputado Paulo Litro, presidente da Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda da Assembleia Legislativa do Paraná, comandou o debate sobre a retomada das atividades econômicas no estado.Créditos: Guilherme Dala Barba

Deputado Paulo Litro, presidente da Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda da Assembleia Legislativa do Paraná, comandou o debate sobre a retomada das atividades econômicas no estado.

O vice-governador, Darci Piana, o secretário-chefe da Casa Civil, Guto Silva e o secretário da Fazenda, Renê Garcia Júnior, se uniram a representantes das entidades que compõem o G7, grupo que integra o setor produtivo, em uma audiência pública por videoconferência realizada pela Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda da Assembleia Legislativa do Paraná. O objetivo foi fortalecer o diálogo e buscar soluções para o futuro da indústria e do comércio no estado. “Uma carta com as principais sugestões e reivindicações feitas durante a audiência pública será entregue ao Governo e já adianto que vocês devem enxergar esta Comissão como instrumento de mediação com o Governo”, afirmou o presidente do grupo, deputado Paulo Litro (PSDB).

Abrindo os trabalhos, o vice-governador do Paraná e presidente da Fecomércio, Darci Piana, apresentou uma série de ações do Governo para a retomada, que serão anunciadas oficialmente nesta quarta-feira (23) pelo governador Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD). Entre elas, um plano de investimentos em infraestrutura rodoviária de R$ 4 bilhões; nos portos de Paranaguá e Antonina para a eficácia na capacidade; R$ 1 bilhão no litoral do Paraná; Copel e Sanepar. “Empresas mantiveram seus investimentos no estado e novas chegaram. Mesmo em tempos de pandemia. A preparação dessa infraestrutura foi fundamental para isso. Contratamos 50 engenheiros para o nosso banco de projetos, que nos permite antecipar aos outros estados e fazer os recursos chegarem ao Paraná. São condições extraordinárias para a indústria, com investimentos de R$3,8 bilhões de reais”, declarou.

Para isso, informou Piana, foi formado um grupo chamado de “conselhão”, com participação de 35 entidades, que auxiliaram o Governo em um período de três meses de trabalho. “Teremos a maior licitação da América Latina com o pedágio. Fazer do Paraná o centro logístico da América Latina é nosso objetivo. Iremos para mais de 4 mil km de rodovias pedagiadas em condições de ligar o estado aos principais centros. E queremos gerar muitos postos de trabalho. Se a gente conseguir reformar 1100 escolas, vamos gerar empregos em todos os municípios do estado”, adiantou.

Pela Fecoopar, falou o presidente, José Roberto Ricken. Ele concorda que a solução está na cooperação. E destacou que esse é o diferencial do Paraná.  “A sintonia entre nós existe no Paraná. Temos grandes expectativas nesse modelo de concessões das rodovias. Essa injeção de recursos que serão anunciados também é muito aguardada”.

O presidente da Faciap, Marco Tadeu Barbosa, que propôs a realização da audiência, disse que, conhecendo bem cada setor de cada região do Paraná, o momento é de adaptação, de reflexão. “Setor produtivo e poder público precisam trabalhar em sinergia. Sozinhos não conseguiremos avançar. Agradeço a preocupação do poder público com o empresariado”, ressaltou.

Por falar em reflexão, o secretário da Fazenda, Renê Garcia Júnior, declarou que anda reflexivo nesses tempos. Para ele, a pandemia veio para testar a eficiência da globalização. O que mostra que o mundo pode mudar de forma expressiva e estrutural.

“O que percebemos é que temos que ter uma cadeia produtiva mais eficiente gerando menos custos.  Diante de uma nova realidade, teríamos que fazer como a China, que diminuiu seus custos de produção e oferece produtos a preços muito baixos para todo o mundo. Vejo esse fenômeno o grande desafio a ser vencido”.

O secretário aposta no agronegócio para colocar o Paraná nessa grande escala de produção, como fez a China. “Prover bens e serviços com equilíbrio fiscal. O setor privado é a fonte disso. A possibilidade real de crescimento vem do setor privado. Cabe ao Governo oferecer a ele as condições necessárias para isso”. 

O secretário-chefe da Casa Civil, Guto Silva, reforçou a importância do que chamou de maior das revoluções: a tecnológica. “Estamos diante de uma nova ordem mundial. Na pandemia, o sistema privado financeiro e o da saúde desapareceram. O Estado prevaleceu. E o Paraná se fortalece com investimentos em obras de infraestrutura”, disse.

Guto Silva também acredita no poder da agricultura paranaense e vê a gestão pública como principal entrave. “Sem as reformas não conseguiremos avançar. A gestão é recheada de vícios. Temos que controlar o custeio com pessoal para investir. Mas confio na capacidade da agricultura e indústria”.

Acesso ao crédito - Heraldo Alves Neves, presidente da Agência de Fomento do Paraná, e Wilson Bley, do BRDE, detalharam a oferta de linhas de crédito disponibilizadas e os próximos passos na retomada do crédito. Neves citou a oferta para os pequenos empresários, após precisar suspender contratos que estavam ativos. “São em torno de R$ 700 milhões de reais destinados a obras de desenvolvimento urbano nos municípios e com foco no informal, micro e pequeno empresário. Também queremos potencializar o Banco da Mulher e investir na linha do turismo, com recursos do Ministério do Turismo”, detalhou. Os créditos a juros mais baixos ou até zerados são “uma carta na manga” das instituições.

Foi anunciado também a negociação para captar recursos em instituições nacionais e internacionais para ofertar crédito e gerar capital de giro a empresas. “Temos mais de 25 mil operações liberadas”, frisou Neves.

Wilson Bley, que é diretor de operações do BRDE, enfatizou a importância da união com outros estados e o atendimento ao crédito emergencial com um olhar para a retomada. Ele explicou que há um crédito contratado de quase R$ 1 bi no Paraná. “Temos R$ 900 milhões de recursos aos três estados e conseguimos limites adicionais de R$ 300 milhões. Estamos em conversas com o BNDES e bancos internacionais para aquisição de recursos para irrigar a área da agricultura, indústria, comércio e serviços. Estamos com 90% das operações para investimentos e não, para crédito. E um fator importante é que temos a menor taxa de inadimplência do Brasil com 0,42%. Aqui quem quer gerar emprego e renda, tem nosso aval”, garantiu.

Indústria, comércio e turismo perderam - De acordo com o IBGE, 45% das empresas foram impactadas negativamente. 28% parcialmente e a queda do PIB é de 5%. Os setores mais afetados pela pandemia foram o do entretenimento, de calçados e vestuário. A produção industrial teve queda de 9,1%. O que contribuiu para um cenário menos grave foram, segundo o Instituto, medidas como auxílios emergenciais em âmbito nacional e estadual, empréstimo e programas como selo ‘Made In Paraná’ e medidas aprovadas na Assembleia Legislativa, como a proibição do corte de luz, água e gás, por exemplo.

Camilo Turmina, presidente da Associação Comercial do Paraná, observou que o varejo já era difícil para o pequeno antes mesmo da pandemia e que o setor sobreviveu graças ao poder público, com suspensão de contratos e de pagamentos. “Os não essenciais foram os que mais sofreram. Na estatística, os grandes ganharam muito. Os pequenos pagaram uma conta muito alta por isso”, disse.

Para uma retomada consciente, acredita que somente a substituição tributária resolveria para a igualdade entre os estados no quesito competitividade. Turmina aposta ainda nas campanhas de valorização dos produtos de cada estado.

Pela Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), o gerente de Assuntos Estratégicos, João Arthur Mohr, que falou em nome do presidente Carlos Valter, destacou os setores que mais preocupam: vestuário e automobilístico. Ele lembrou que a indústria do Paraná é muito diversificada e que graças a isso, o estado não foi tão afetado. Mas deixou claro que a burocracia complica os processos.  “Por causa da burocracia e do altíssimo custo Brasil, a indústria brasileira foi muito prejudicada no auge da pandemia. Não tínhamos insumos essenciais como máscaras e respiradores suficientes, porque dependemos da China. Isso precisa acabar. Para isso, tem que haver mudanças na legislação”, avaliou.

O turismo contabiliza prejuízos históricos. No Paraná, Foz do Iguaçu atravessa uma das situações mais críticas. Faisal Ismail, presidente da Associação Comercial do município, diz que, com as fronteiras fechadas há 184 dias, faltam perspectivas para uma retomada. “Gostaria de pedir a criação do Fundo Estadual do Turismo; a divulgação do turismo de Foz, com verbas do Governo e a redução de impostos. Talvez estes sejam alguns dos caminhos viáveis nesse momento”.  Mesma reivindicação de Sérgio Marcucci, secretário de Indústria e Comércio de Marechal Cândido Rondon, na região Oeste, que falou das ações criadas na região. Como exemplo, citou os descontos para servidores para incremento do turismo. “A desoneração de impostos para os municípios nesse momento será muito importante “, sugeriu.

Para o professor Marcus Vinicius Freitas, da China Foreign Affairs University, a crise, de alguma forma, deveria ser o momento certo para se plantar as oportunidades. Lembrou que a economia global se revelou mais fraca do que se esperava com o agravamento da pandemia e o resultado foi a recessão. Ele concorda que é quase impossível reduzir o contato sem reduzir a produção. Mas avalia que o Brasil tem regulamentação excessiva e precisa tornar melhor o ambiente de negócios. “Estimular o trabalho. Dar condições para que as pessoas possam produzir de casa. Aí vamos notar a retomada.  E buscar competitividade agregando valor ao nosso produto. E um planejamento a longo prazo. Tomar medidas agora para nos prepararmos para o futuro”, aconselhou.

Ao concluir os debates, Marco Tadeu disse ter ficado otimista. “Nós podemos deixar de ser apenas o celeiro para ser o supermercado. Estamos confiantes nas ações do Governo e creio que esse investimento vai transformar o Paraná em referência nessa retomada”.

“A audiência pública deixou claro sobre quais as demandas e necessidades dos diferentes setores econômicos do estado e ajudou a definir prioridades de curto, médio e longo prazo para potencializar a recuperação da indústria e comércio no Paraná", afirmou Paulo Litro.

Também participaram da audiência cerca de 80 pessoas da sociedade e ligadas à entidades, entre elas, o presidente da Fetranspar, Sergio Malucelli e o presidente da Faciap, Ágide Meneguette.

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