01/06/2009 16h30 | por Laura Sica mtb 4139 / 3350-4157 / 9985-6667
Decisão foi formalizada em audiência pública que discutiu com a sociedade civil e gestores públicos o desmatamento das florestas no estadoUma comissão de trabalho formada por federações, ongs, órgãos ambientais discutirá e levará ao governo federal a sugestão da criação de um fundo de compensação para estimular a preservação da floresta de araucária no Paraná. A decisão foi formalizada nesta segunda-feira,1º, durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa que discutiu com a sociedade civil e com os gestores públicos o desmatamento das florestas no estado. A comissão é composta por deputados estaduais,representantes da Secretaria estadual da Agricultura - SEAB, Governo federal, Ibama, Ministério do Meio Ambiente, SOS Mata Atlântica, Secretaria estadual do Meio Ambiente-Sema, UFPR e Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal-(APRE) e tem o apoio da executiva estadual do PT. “A preservação da Araucária é um interesse da humanidade. Temos que compensar aqueles que fazem a manutenção das florestas, dos biomas naturais. E essa solução tem de ser urgente, com resultados ainda para este ano”, defendeu Gleisi Hoffmann, presidente estadual do PT.A iniciativa foi encampada pelo deputado estadual Elton Welter (PT), propositor da audiência e autor do projeto de lei nº543/2009 que pretende transformar o agricultor em “prestador de serviço ambiental”. “A intenção dessa comissão é buscar alternativas, perspectivas e formas de conservação dos remanescentes e a imediata recuperação dos ambientes degradados”, explicou o petista.Mapa- De acordo com o Atlas Remanescentes da Mata Atlântica, no Paraná uma área pouco maior que a cidade de Pinhais foi desflorestada entre 2005 e 2008. O levantamento, feito com base em imagens de satélite, em parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, aponta o Paraná como o quarto estado no ranking da devastação. Entre 2000 e 2005, foram 28 mil hectares derrubados. No período de 2005 a 2008, foram 10 mil. Ainda de acordo com o Atlas, o Paraná desmatou em três anos mais do que foi derrubado, na soma, nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Goiás e Espírito Santo. De cada dez hectares de Mata Atlântica perdidos no Brasil, um foi em território paranaense.Para o superintendente do Ibama/Paraná, José Álvaro Carneiro, apenas a fiscalização não conseguirá salvar as florestas de araucária. “Precisamos chamar a atenção da sociedade para um problema que cresce a cada ano.O governo e o Ibama já estão articulando várias programas de comunicação com este propósito”.Luís Carlos Balcevicz, assessor técnico da Secretaria de Biodiversidade e Floresta do Ministério do Meio Ambiente, defende a compensação, acima dos 20% da reserva legal, para o pequeno agricultor. O foco ao pequeno agricultor também foi defendido por Edinei Bueno, representante da SEAB. “Temos que compensar o agricultor, fazendo um trabalho que o transforme de um agricultor omisso para um produtor participativo”. Aristei Elias Ribeiro, diretor da Fetaep, destacou a importância de que a legislação esteja em sintonia com o pequeno produtor.O deputado Pedro Ivo explicou seu projeto de lei, em trâmite na Assembleia, que pretende instituir uma recompensa ambiental aos proprietários rurais que preservarem as florestas existentes em suas áreas para além dos 20% da chamada “reserva legal”.Para ele, há duas problemáticas: a reconstituição da reserva legal; área de preservação permanente, que depende da topografia.“A legislação está sendo problema em alguns lugares e solução em outros. Precisamos compensar o pequeno produtor", defendeu”. O presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko, contou que o Agronegócio chega a estimular a criação de cavalos a se alimentarem com a casca da araucária. "Os esforços do Iap vão na contramão da sociedade e do agronegócio", ressaltou.Biodiversidade-Dados da ong SPVS mostram que no Paraná há apenas 0,8% de florestas de araucária em boa conservação. “Há um manejo ambiental mal conduzido. Precisamos do equilíbrio da biodiversidade. Se a gente perder 0,8% sequer chegaríamos a uma floresta de araucária original”, disse o diretor executivo da SPVS, Clovis Borges.Opinião compartilhada pelo representante da SOS Mata Atlântica, Mario César Mantovani. "Citar 0,8% é como se estivéssemos falando de um doente na UTI que ao invés de receber transfusão de sangue está se esvaindo", observou.Participaram ainda do audiência o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alep, Luís Eduardo Cheida(PMDB); a ambientalista Teresa Urban; Flavio Zanette, professor do Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo da UFPR, professor do departamento de Geografia da UFPR, Francisco Mendonça, o deputado federal Assis do Couto(PT); o deputado federal Luciano Pizzatto(DEM); Robero Gava, coordenador do Conselho Temático de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Fiep entre outras lideranças. Sebuí- Dentro da semana do meio ambiente, a deputada Luciana Rafagnin(PT) teve a iniciativa de promover na Assembleia o lançamento do livro fotográfico Sebuí Sonhos.A publicação ilustra e divulga toda a beleza e exuberância do bioma da Mata Atlântica na Reserva Ecológica do Sebuí, uma unidade de conservação (RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural), localizada na região da Baía de Guaraqueçaba – litoral Norte do Paraná.O livro fotográfico é também fruto do encontro de três italianos: Enzo Sebastiani, proprietário da RPPN; Marcelo Centenero, comerciante de Campo Largo; e Paolo Pisano, artista plástico.Casal paranaense cria madeira da grimpa da araucáriaA produção de madeira sem o corte de árvores, utilizando a “grimpa” da Araucária como matéria-prima. Esta exxperiência que está em curso é de autoria de um casal de pequenos agricultores de Quitandinha, na Região Metropolitana de Curitiba. Sílvio Sepkca Moreira e Marli Bosquet criaram um tipo de madeira elaborada a partir do sapé que a araucária vai derrubando ao longo dos anos. O projeto, nominado de PMGP (Produção da Madeira da Grimpa do Pinheiro), recebeu o acompanhamento dedicado do assessor Roberto Barbosa, chefe de gabinete, que acreditou na idéia e não está medindo esforços para tornar a pesquisa uma realidade. Os estudos indicam que a produção anual da PMGP evitará o corte de milhares de árvores. O projeto abriga benefícios às comunidades envolvidas, com a geração de trabalho e renda e o desenvolvimento de regiões mais pobres e do turismo sustentável, entre outros aspectos. Outro dado mostra que a produção da PMGP vai representar um incremento na riqueza de municípios paranaenses com baixos IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano-Municipal).A pesquisa já foi merecedora de dois prêmios: o primeiro, da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, na categoria “inventor independente”; o segundo, conferido pela Revista Referência de Madeira, entregue durante o IV Congresso Internacional de Produtos de Madeira Sólida de Florestas Plantadas, realizado em novembro, em Curitiba.