Refugiados buscam apoio dos deputados para melhorar acolhimento a estrangeiros Idioma, educação, saúde e emprego são os principais obstáculos para os estrangeiros que chegam ao país, conforme relataram à Comissão do Mercosul.

23/11/2016 16h16 | por Kharina Guimarães
Comissão do Mercosul e Assuntos Internacionais 23/11/2016

Comissão do Mercosul e Assuntos Internacionais 23/11/2016Créditos: Dálie Felberg/Alep

Comissão do Mercosul e Assuntos Internacionais 23/11/2016


O terror de viver em meio à guerra fez a família de Lucia Loxca deixar tudo para trás e partir em busca de abrigo e segurança. A vida confortável em Alepo, na Síria, deu lugar à situação de refugiado em um país totalmente desconhecido e diferente. O Brasil foi a única nação que abriu as portas para a família Loxca e para centenas de estrangeiros. O desafio agora é acolher a todos da melhor forma possível. O atendimento aos refugiados foi o tema do debate promovido nesta quarta-feira (23) pela Comissão do Mercosul e Assuntos Internacionais da Assembleia Legislativa do Paraná.

De acordo com dados da Polícia Federal de março de 2015, o Brasil abriga dois milhões de migrantes regulares. No entanto, muitos refugiados entram no país de forma irregular e enfrentam dificuldades para formalizar a permanência por aqui. “São centenas de pessoas que estão na mesma situação, que moram no estado e são nossa responsabilidade”, esclareceu a deputada Maria Victoria (PP), presidente da comissão.

Lucia viajou na companhia de outros 14 parentes, incluindo dois idosos com mais de 80 anos de idade. Passaram pelo Líbano e por Dubai antes de desembarcarem no Brasil. Passaram os primeiros meses fechados em casa, sem emprego e aprendendo o português com a ajuda de aplicativos de telefonia móvel. Foram meses de adaptação praticamente sem qualquer apoio. “Nessa fase quase desistimos. A nossa fé deixou que a gente ficasse. Depois as pessoas daqui nos abraçaram”, lembrou Lucia.

A faculdade de Arquitetura, interrompida depois que uma bomba destruiu a universidade, foi retomada no Brasil com muita dificuldade. A língua é um obstáculo, assim como o complexo processo para validação de diploma. Faltam oportunidades no mercado de trabalho, acesso à rede pública de saúde e à moradia. Por tudo que viveu nesses dois anos e ainda vive, Lucia defende a implantação de centros de acolhimento de refugiados. “É importante, especialmente na chegada dos refugiados, porque eles ficam perdidos na cidade nova. Eles precisam de alguém que os acolha. É um ponto importante para a integração de brasileiros e refugiados, seja sírio, libanês, haitiano”.

Por enquanto, o principal ponto de apoio tem sido o Consulado Honorário da Síria em Curitiba que, na medida do possível, tem orientado os refugiados sobre questões formais, como emissão de documentos e busca por emprego. “É uma forma de nos colocarmos no lugar deles. Se um dia tivéssemos que fugir do Brasil para qualquer país do Oriente ou da Europa gostaríamos também de ser recebidos por eles e sermos tratados da melhor forma, como estamos a tratar os nossos refugiados aqui. Tentamos dar o melhor a eles, levar uma possibilidade de trabalho e de sucesso para suas vidas, porque deve ser muito difícil fugir das guerras de um país e não ter um pouco de esperança no seu coração”, afirmou o representante do consulado, Nassib Abage Filho.

Ceim – Desde outubro, o Governo do Estado tem um Centro Estadual de Informação para Migrantes, Refugiados e Apátridas (Ceim), localizado na Rua Desembargador Westphalen, nº 15, 13º andar, Edifício Dante Alighieri. O trabalho ainda é recente e ainda não tem atingido muitos estrangeiros. “Nós precisamos ter certeza de que tudo aquilo que eles precisam em um momento tão complicado está sendo oferecido. Temos muitas preocupações, como a cidadania brasileira, o direito de ir e vir que foi tirado deles. Pela lei que foi aprovada em setembro, quando o refugiado sai do País ele perde sua carteira de trabalho, seu visto temporário, consequentemente, está proibido sair do País. Eles não estão presos aqui. Precisamos averiguar o que esse centro está oferecendo, o que falta e fazer requerimentos para que possam ter uma vida confortável e digna aqui no estado”, ressaltou a deputado Maria Victoria.

Também participaram da reunião o deputado Marcio Pauliki (PDT), vice-presidente da Comissão do Mercosul e Assuntos Internacionais, e o deputado Chico Brasileiro (PSD).

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