17/04/2008 09h37 | por
“O estado seguro que o secretário Delazari mostrou na Assembléia é irreconhecível. Não é o estado em que eu moro, não é a cidade em que eu resido, e não é o bairro em que eu tenho residência”, ironizou o deputado Valdir Rossoni (PSDB), líder da Oposição, após audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (16) com o secretário de Segurança do Estado, Luiz Fernando Delazari.A audiência durou mais de três horas e não foi suficiente para satisfazer as dúvidas e preocupações dos deputados com a falta de segurança que assola o Paraná.“O secretário alegava cansaço diante da apresentação de muitas informações. Devido ao adiantado da hora, o secretário se comprometeu a responder todos os ofícios encaminhados a ele pelos deputados da Oposição”, afirmou.O líder do PSDB, deputado Ademar Traiano, também contestou os números apresentados pelo secretário Delazari.Segundo o líder tucano, os “números nem sempre demonstram o que realmente acontece nas ruas. Pelo que foi apresentado o Paraná seria um mar de rosas, mas não é isso que se vê”, destacou.O ponto principal a ser considerado, segundo Traiano, seria a necessidade de aumento real do efetivo dos policiais. “O secretário diz que 6 mil policiais foram contratados. Mas o aumento real foi de apenas 2.500, os demais cobriram a aposentadoria e afastamento de outros policiais. O crescimento da população é alarmante e o crescimento policial não segue a mesma proporção”, relatou. TráficoNa apresentação, o secretário apresentou números que demonstram que a maioria dos casos de homicídios ocorre em razão do uso de drogas, principalmente o crack.O vice-líder da Oposição, deputado Élio Rusch (DEM), se mostrou preocupado com esses números e alertou para a necessidade de uma ação conjunta das polícias no estado.“O Governo teria que colocar mais policiais na divisa para fiscalizar e impedir a entrada de drogas pela fronteira, já que o secretário afirmou que hoje o Paraná é a principal porta de acesso de drogas no país”.“Queremos que a população tenha uma segurança efetiva. Que o Governo do Estado, em entendimento com a Polícia Federal, instale postos de fiscalização em Foz do Iguaçu, em Guaira e em todos os municípios que fazem fronteira”, completou.O deputado Edgar Bueno contestou o fechamento das delegacias anti-drogas dos municípios e não se conformou com a explicação do secretário de que elas foram incorporadas pelo Núcleo de Repressão ao Tráfico de Drogas (NRTD).“Esses núcleos de repressão agem nas estradas, no tráfico de passagem. Queremos saber quem vai cuidar das nossas cidades, das portas das escolas onde estão nossas crianças, dos bares e das igrejas. A droga está em todas as partes e precisamos fazer com que as delegacias anti-drogas voltem a funcionar imediatamente”.Concurso Parte do problema da falta de policiais, principalmente na polícia civil, poderia ser resolvido se os delegados, investigadores e escrivães que foram aprovados no concurso realizado em 2007 fossem chamamos.Segundo o deputado Edgar Bueno, o concurso 01/2007 abriu vagas para 44 delegados, 70 escrivães, 300 investigadores e 110 papiloscopistas.“Se um dia esses policiais forem chamados, terão ainda que participar de um curso com duração de 90 dias, na Escola Superior da Polícia. Já se passou mais de um ano e até agora ninguém foi chamado”, disse Bueno. “Segundo o secretário, até o momento, a UFPR não teria fornecido o resultado oficial do concurso. Isso é um absurdo. Passou mais de um ano e até agora ninguém cobrou providências quanto a isso?”, questionou. Reintegração de PosseOutro ponto cobrado pelo deputado Edgar Bueno foi em relação a demora para a reintegração de posse nas propriedades rurais.Segundo o secretário, apenas três pedidos estariam pendentes e a Secretaria de Segurança vem cumprindo os pedidos de reintegração.“Ocorre que após a audiência eu recebi um fax, com no mínimo seis áreas que estão com a reintegração de posse garantida pela Justiça e que até agora a Polícia não apareceu para cumprir o mandado. Neste ponto o secretário faltou com a verdade”, afirmou. SoldoO valor recebido pelos policiais militares foi tema de debate na audiência pública e também na sessão plenária da Assembléia.Segundo o deputado Valdir Rossoni o valor recebido por um soldado, considerado de 2ª classe pelo governo, é de R$ 287,81. O valor mais alto, recebido por um coronel é de R$ 822,30.A informação está no site da Secretaria da Administração e não confere com os valores apresentados por Delazari. De acordo com o secretário, nenhum policial militar receberia menos que R$ 1.700,00. “Alguém está mentindo”, afirmou Rossoni. “É inadmissível que um policial militar receba um valor base menor que o salário mínimo nacional e principalmente ao regional proposto pelo governador Requião para a iniciativa privada. A lei tem que ser igual para todos, se o governador estipula um salário mínimo regional, ninguém no estado poderá receber abaixo deste valor, principalmente um funcionário público”, completou o deputado.