Sociedade terá que assumir compromisso de economizar, para a crise hídrica não se agravar ainda mais Diretor de Meio Ambiente da Sanepar, Julio Gonchorosky, apela para que a população economize 20% de água para evitar o colapso do sistema hídrico.

13/08/2020 15h54 | por Claudia Ribeiro
Em audiência pública na Assembleia Legislativa, diretor de Meio Ambiente da Sanepar, Julio Gonchorosky, apela para que a população economize 20% de água para evitar o colapso do sistema hídrico.

Em audiência pública na Assembleia Legislativa, diretor de Meio Ambiente da Sanepar, Julio Gonchorosky, apela para que a população economize 20% de água para evitar o colapso do sistema hídrico.Créditos: Reprodução

Em audiência pública na Assembleia Legislativa, diretor de Meio Ambiente da Sanepar, Julio Gonchorosky, apela para que a população economize 20% de água para evitar o colapso do sistema hídrico.

Às vésperas do rodízio mais rígido no fornecimento de água em Curitiba e Região Metropolitana, com início previsto para essa sexta-feira (14),  em função da crise hídrica pela qual atravessa o estado, o diretor de Meio Ambiente da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Júlio Gonchorosky apelou: “se cada pessoa economizar 20% de sua água em casa, poderemos estabilizar nossa situação até o início de 2021. Banhos de cinco minutos, fechar as torneiras, reuso, são atitudes que serão fundamentais”, sugeriu. As medidas fazem parte da campanha que acaba de ser lançada pela estatal, batizada de “Meta 20”.

 Ele participou de uma audiência pública remota promovida pela Comissão de Ecologia, Meio Ambiente e Proteção aos Animais da Assembleia Legislativa do Paraná, na manhã desta quinta-feira (13), que é presidida pelo deputado Goura (PDT), ao lado de ambientalistas, representantes  do poder público municipal e estadual, Ministério Público, Tribunal de Contas e da comunidade.

Para Goura, tão importante como o debate, a audiência serviu para apontar caminhos. “Julgo de suma importância trazer ao público esse panorama da crise hídrica, mas principalmente, quero apontar soluções. Sair daqui com respostas”, afirmou. “A gente só vai ter água, com consciência e preservação das nossas bacias”.

O deputado Professor Lemos (PT) também marcou presença. Ele ouviu atentamente as posições de cada participante e avaliou que elas podem ser transformadas em futuros projetos de lei. “Um debate importante, que nos possibilita ouvir os especialistas, as lideranças do setor, para que possamos enfrentar essa crise hídrica e sair dela com sucesso para que possamos ter água potável, e em abundância”, disse.

Júlio Goncharosky traçou um panorama da situação em que encontra o Paraná e a região de Curitiba, a mais afetada do estado. Explicou que a crise se agravou nos últimos 13 meses, mas que ficou mais crítica em fevereiro de 2020, devido à falta de chuvas e a alta no consumo.

Também detalhou as ações emergenciais, como a captação de água nas cavas e pedreiras; transposições de rios e até utilização

de estruturas centenárias em pleno estado de conservação. Além da construção de barragens, como a do Miringuava, prevista para entrar em operação no fim do ano.

A previsão, segundo o diretor, é que “por mais volumosas que as chuvas sejam nos próximos meses, ainda será muito pouco. Vamos levar muitos meses para sair dessa situação”.

Ele mostrou em imagens a situação dos principais reservatórios da região: Piraquara I e II, Passaúna e Iraí, que hoje estão com 28,67% da capacidade.  “Se não fizermos nada, no fim de setembro Piraquara e Iraí estarão secos. A estimativa era fechar setembro com 25%, mas devemos fechar com 16%. Mas se houver economia e com essas medidas temos esperança de estarmos em março de 2021 com 70% da capacidade dos reservatórios”, previu.

Ele também deu detalhes das fases dos rodízios, que entram no período mais crítico nesta sexta-feira (14), onde um milhão de pessoas serão afetadas, podendo ficar até três dias por semana sem abastecimento. “Já houve estiagens semelhantes. Contudo, não havia uma população tão grande no estado”, justificou.  “Estamos apelando para a economia para evitar entrarmos no rodízio D, com reservatórios abaixo de 25%. Podemos subir ou descer o protocolo conforme a demanda de chuvas”, concluiu.

Everton Souza, presidente do Instituto Água e Terra (IAT), lembrou que as ações estão sendo implantadas de forma articulada. “Assim, vamos tentar minimizar os impactos que poderemos sofrer no futuro. Sabemos que ações individuais são importantes, mas agricultura e indústria também precisam colaborar”, avisou.

Ele citou que 89% do consumo da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), são residenciais; 7% comerciais; 3% industriais e 1% de utilidade pública. O sistema hospitalar estará fora do rodízio.

Ex-superintendente do Ibama no Paraná, José Álvaro Carneiro, que é atualmente presidente do Complexo Pequeno Príncipe, 

falou da importância de se proteger a Serra do Mar para garantir a água. Lembrou que já havia, há muitos anos, um estudo de impacto ambiental que se previa essa crise hídrica. Falou também das ações do Complexo Pequeno Príncipe para a preservação da água.  “Nós consumimos menos água que a média dos 125 melhores hospitais do país. É um esforço de busca de equilíbrio ambiental com reuso da água, captação da água da chuva e ampliação no uso e construção de caixas d’água”, ressaltou.

Ações para minimizar efeitos da crise hídrica - Durante a audiência, ações que já ocorrem ou que estão em andamento foram relataras pelos participantes. Por exemplo, a celeridade nas

obras da Barragem do Miringuava, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, que deve incrementar 38 bilhões de litros de água na reserva do Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba (Saic), formado pelas barragens Iraí, Passaúna, Piraquara I e Piraquara II.  Segundo a Sanepar, a capacidade de produção de água do Miringuava passará dos atuais 1.000 litros/segundo para 2.000 litros/abastecendo cerca de 650 mil habitantes.

Pela Coordenação da Região Metropolitana (Comec), falou o presidente Gilson Santos. “Temos uma região metropolitana de muitos contrastes. Por isso, a gente pretende atuar em várias frentes, em especial, investindo em equipes técnicas, na fiscalização de preservação dos mananciais, apoiando os municípios para que tenham um crescimento planejado e sustentável “, afirmou.

Com 12% da água potável no planeta e diante de uma crise ambiental sem precedentes, a bióloga da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Dailey Fischer, falou da importância das unidades de conservação. No Paraná, são 70 unidades. E destacou a necessidade de se avançar na legislação para que não haja descontinuidade de projetos entre governos. “Por isso, leis estaduais e em âmbito federal que regulem incentivos, até mesmo financeiros para quem preservar áreas, são fundamentais e urgentes para minimizar casos como o da escassez de água, por exemplo”.

Outras alternativas apresentadas pelos representantes do Departamento de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Prefeitura de Curitiba, Ibson Gabriel Martins de Campos e Ana Carolina Schimidlin, foram o reforço em utilizar as cavas para captação de água e as ecobarreiras para reduzir acúmulo de resíduos nos rios,

Natasha Hessel de Góes, do grupo criado no Instituto Água e Terra para regulamentar o uso racional da água, explicou que usuários irregulares de áreas de mananciais estão sendo notificados. “Temos trabalhado em grupos. Chegamos a notificar 150 usuários irregulares e conseguimos regularizar pelo menos 70 na área da Bacia do Miringuava”,

Também falou Regina Tiemi, professora da Universidade Federal do Paraná, sobre o investimento na formação de profissionais para atuar na área ambiental e a importância da universidade nessa formação e nas pesquisas. “A integração entre universidade e setor público é fundamental. Temos feito parcerias com o IAT para monitoramento. Temos oferecido cursos gratuitos para divulgar o conhecimento na parte de geoprocessamento. Os estudantes estão bastante engajados”.

O vereador de Curitiba, Dalton Borba, ressaltou a educação e a conscientização do cidadão para o uso racional dos recursos hídricos e a responsabilidade das políticas de gestão, onde, segundo ele, entra o poder público.  Dalton apresentou um projeto de lei para regulamentar o uso responsável da água na lavagem de calçadas. “Não queremos restringir a população, mas criar um hábito para o uso responsável da água”.

Os participantes lembraram que o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) realiza com antecedência o monitoramento pluviométrico e repassa as informações a todos os órgãos envolvidos, que atuam de forma integrada.

Moema Viezzer, secretária-geral do Instituto de Comunicação Solidária, acredita que o momento é também de aprendizado. “Fazer dessa crise uma oportunidade. Precisamos mudar a forma de tratar a água como mercadoria e refletir sobre as causas que nos levaram a essa crise. Considero esse debate de vital importância para a conservação das nascentes. Políticas públicas podem incentivar a população a melhorar suas atitudes”, observou.

Pelo Ministério Público do Paraná, falou o promotor da Promotoria de Meio Ambiente, Leandro Assunção. Ele demonstrou preocupação com o consumo de água pelos grandes consumidores e sugeriu a adoção de mecanismos tecnológicos para reduzir o uso da água. E ainda, que os produtores tenham incentivos para aquisição dessa tecnologia, além da formação de comitês de bacias hidrográficas. “Partindo da premissa de que as mudanças climáticas são reais, precisamos atuar em ações constantes a curto, médio e longo prazo”, declarou.

A íntegra dos debates pode ser assistida no link: https://youtu.be/0tF4iiR7Zlg

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