O homem que pensou Curitiba é homenageado pela Assembleia Legislativa O legado do arquiteto Jorge Wilheim, responsável pelo plano de urbanismo de Curitiba, foi tema de sessão especial no Dia Mundial do Meio Ambiente.

05/06/2019 17h36 | por Thiago Alonso
O legado do arquiteto e urbanista Jorge Wilheim foi tema de sessão especial no Dia Mundial do Meio Ambiente.

O legado do arquiteto e urbanista Jorge Wilheim foi tema de sessão especial no Dia Mundial do Meio Ambiente.Créditos: Orlando Kissner/Alep

O legado do arquiteto e urbanista Jorge Wilheim foi tema de sessão especial no Dia Mundial do Meio Ambiente.

O legado do arquiteto e urbanista Jorge Wilheim (1928-2014) pode parecer invisível em um primeiro momento, mas é vivido diariamente pela população de Curitiba. “As coisas estão aí, a gente que não as enxerga”. Talvez seja um pouco isso mesmo. Wilheim foi o principal pensador do Plano Preliminar de Urbanismo de Curitiba (PPU), elaborado na década de 1960, e um dos responsáveis pela criação do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC). Estes são dois marcos cruciais do desenvolvimento urbano da capital paranaense. 

“As coisas estão aí, a gente que não as enxerga”. Era o que Wilheim costumava dizer sobre a necessidade das pessoas nas cidades. Este é o resumo da vida e obra do arquiteto e urbanista, celebrados nesta quarta-feira (05) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) durante a Audiência Pública “Jorge Wilheim, um homem que pensa a cidade”. A homenagem póstuma ocorreu no Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado neste 05 de junho.

Durante a audiência, proposta pelo deputado Goura (PDT), foi concedido a Wilheim o título de Cidadão Honorário de Curitiba (“in memoriam”). A honraria foi proposta em 2018 pelo vereador licenciado Hélio Wirbiski (PPS), na época presidente Comissão de Urbanismo, Obras Públicas e Tecnologias da Informação da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), e pelo deputado Goura, então vereador.

A homenagem do município é justa. O Plano Preliminar de Urbanismo de Curitiba (1965) não tratou de projetar uma nova cidade nova: a ideia de Wilheim era intervir em uma cidade existente, que crescia de forma acelerada e já apresentava problemas comuns atualmente. O urbanista “previu” o crescimento da população e a mudança do modo de vida, detectando estas transformações para orientar o desenvolvimento de Curitiba. Com base nisso, o novo plano propôs uma forma de planejamento contínuo e sustentável. O modelo era inovador e começava a pensar a cidade não só como alvo de uma legislação imposta e sim “lia” as necessidades urbanísticas da capital. Na mesma época, cria-se um grupo permanente para acompanhar o planejamento de Curitiba. Era a gênese do IPPUC; era o nascimento da cidade referência mundial em urbanismo.

“Esta homenagem é um agradecimento a Jorge por seus feitos à cidade e ao Brasil. Curitiba até hoje é referência em urbanismo. Isso não se deve apenas a nomes como o do ex-governador Jaime Lerner, mas de seus antecessores. Wilheim deu importantes contribuições à cidade, com um olhar mais humano e propondo a discussão de uma urbanização mais sustentável”, explicou Goura.

O renascentista – Os filhos do arquiteto, Ana Maria e Carlos, estiveram presentes na homenagem. Ela é socióloga, responsável pelo projeto Legado de Jorge Wilheim, e relembrou algumas histórias do pai. “Hoje seria um dia de grande alegria para ele. Jorge Wilheim era um artista. Os amigos o chamavam de um renascentista humanista no século XXI”, contou. Ana Maria disse que em toda sua vida o pai uniu cultura, ciência e tecnologia. “Ele era um homem focado, centrado e pouco vaidoso. Ele observava como as pessoas usavam a cidade. Seu compromisso sempre foi com o bem comum”.

Também participaram da homenagem o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (Núcleo Paraná), Luiz Reis, a coordenadora da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Núcleo Paraná), professora Letícia Hardt, a doutora em gestão urbana e professora de planejamento urbano da Universidade Federal do Paraná, Letícia Gadens, o engenheiro civil e parceiro de Jorge Wilheim na elaboração do Plano Diretor de São Paulo (2002), Ivan Carlos Maglio, o diretor financeiro do Sindicato dos Arquitetos do Paraná, Julio Cesar Kajewski, e a representante do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, Rafaela Weigert. 

Todos destacaram a importância do homenageado para a arquitetura e o urbanismo nacional. “Atualmente, Curitiba vem se modificando, mas a essência pensada por Jorge se mantém”, definiu Letícia Hardt. “O planejamento urbano e a preservação do meio ambiente estão em crise no Brasil atual. Então esta discussão em torno do legado de Jorge Wilheim reforça valores importantes”, lembrou Ivan Carlos Maglio. “Curitiba era como uma cidade qualquer do Brasil. Hoje você vê a diferença. Jorge teve grande importância nisso”, resumiu Luiz Reis. Dito isto, devemos lembrar: as coisas estão aí e Jorge Wilheim é responsável por muitas delas. Agora a gente pode enxergar melhor.

Biografia – Nascido na Itália, Jorge Wilheim chegou ao Brasil aos 12 anos. Na década de 1950 projetou uma cidade para 15 mil pessoas no Mato Grosso. A cidade, Angélica, é hoje vista como modelo de planejamento urbano. Wilheim também realizou aquele que foi o primeiro estudo de impacto ambiental do Brasil, para a Alcoa, no Maranhão. Na administração pública, esteve à frente da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo, a primeira do Brasil. Também implantou a primeira utilização oficial de álcool combustível no país, programa que seria conhecido mais tarde como Proálcool.

Conscientização – O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, foi instituído pela Organização das Nações Unidas em 1972, durante a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia. O objetivo é aumentar a conscientização a respeito de questões ambientais e a necessidade de preservação de recursos naturais. Este ano o tema escolhida pela ONU para a data é “poluição do ar”.

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