De janeiro até agora, pelo menos, 450 milhões de animais silvestres morreram atropelados nas estradas brasileiras. A estimativa elaborada pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas revela uma realidade assustadora do impacto ambiental causado pelo avanço da infraestrutura urbana. O problema foi discutido durante a audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Paraná nesta quinta-feira (07).
O debate foi promovido pelo deputado Stephanes Junior (PSB) que apresentou um projeto de lei propondo a adoção de medidas que assegurem a circulação segura de animais silvestres, domésticos e de criação para a redução dos acidentes nas rodovias e ferrovias do estado. Segundo o parlamentar, a falta de travessias especiais para os animais é uma questão que precisa ser solucionada no Paraná para reduzir o número de acidentes.
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Para o professor Alex Bager, diretor do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, a busca de soluções para a questão esbarra na falta de informações adequadas para embasar as decisões políticas e técnicas.
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Os dados apresentados pelos órgãos de fiscalização não são compatíveis com a realidade presenciada pelos pesquisadores. O Brasil possui mais de 500 passagens de fauna na malha rodoviária. No entanto, não se conhece a efetividade desse modelo, já que não passam por avaliação.
Desde 2014, o centro mantem o Sistema Urubu. Um aplicativo com 22 mil usuários que permite o registro dos casos de atropelamento de animal silvestre. Segundo Bager, o Paraná lidera as estatísticas, mas também toma a dianteira em regulamentar medidas mitigatórias.
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Atualmente, uma das principais falhas no sistema de proteção da fauna brasileira é a inexistência de centros especializados para o tratamento e a readaptação de animais silvestres ao habitat natural, como alertou a coordenadora do Fórum de Defesa dos Direitos dos Animais de Curitiba e Região Metropolitana, Tosca Zamboni.
Também foram abortadas no debate a importância da implantação de medidas éticas de controle da população de animais domésticos de rua e necessidade de intensificar as campanhas de conscientização dos motoristas sobre os cuidados necessários em áreas com maior registro de animais.
Da Assembleia Legislativa do Paraná, repórter Kharina Guimarães.