Especialistas debatem alternativas que garantam apoio mais efetivo a autistas e seus familiares Profissionais da saúde, educadores e pais de autistas, reunidos na Alep, defenderam a criação de um centro de especialidades para este público.

01/12/2017 14h30 | por Rodrigo Rossi
Seminário "A outra face do Autismo", realizado por proposição do deputado Péricles de Mello (PT).

Seminário "A outra face do Autismo", realizado por proposição do deputado Péricles de Mello (PT).Créditos: Noemi Froes/Alep

Seminário "A outra face do Autismo", realizado por proposição do deputado Péricles de Mello (PT).

O seminário “A outra face do autismo” foi realizado no Plenarinho da Assembleia Legislativo do Paraná (Alep) na manhã desta sexta-feira (1º). Profissionais de saúde, psicólogos, educadores, pais e mães participaram da reunião, que contou com uma série de palestras e marcou o encerramento da exposição fotográfica, de mesmo título, aberta na Casa desde o dia 27. O evento foi proposto pelo deputado Péricles de Mello (PT), presidente da Comissão de Cultura.

Propiciar uma rede ampla de atendimento aos autistas e orientação aos familiares foi um dos pontos principais tratados no seminário. Algumas sugestões para alterações na Lei nº 17.555/2013, que instituiu diretrizes para a política estadual de proteção dos direitos da pessoa com transtorno do espectro autista, de autoria do próprio deputado Péricles de Mello, também foram apresentadas, assim como foi debatida a mobilização para a formação de um Frente Parlamentar e a necessidade de estabelecer canais de diálogo com o Governo do Estado, por meio de diversas secretarias, para viabilizar a criação de um centro de especialidades e apoio para este público. “Tenho uma alegria enorme em participar de um seminário com várias entidades que representam a defesa das pessoas com autismo. Posso dizer que temos que concretizar algumas ações, dar efetividade para a política de apoio e proteção aos direitos dos autistas. Envolver os diversos segmentos, sejam eles na área de saúde, educação, ciência e tecnologia. O objetivo é mobilizar a sociedade”, afirmou Péricles.

O professor David Rodrigues, doutor em Educação Especial e conselheiro Nacional de Educação, apresentou algumas informações sobre a realidade de Portugal e particularmente sobre o ensino de pessoas com algum tipo de deficiência naquele país. Ele destacou que existem no seu país de origem 90 Centros de Recursos e Apoio de Ensino e de Referência, para incrementar o desenvolvimento das políticas educacionais. “Temos que tratar do tema da inclusão de forme efetiva. Em Portugal, 98% dos alunos com alguma deficiência frequentam a escola pública regular. Estamos falando de aproximadamente 76 mil alunos. Além disso, todas as escolas públicas são em tempo integral. Embora Portugal seja o país mais pobre da Europa, somos o sexto em investimento em educação. Por isso, defendo a educação como forma de estímulo, de desenvolvimento, de inclusão e de participação”, disse.

Diagnóstico precoce – No mundo, de cada 68 pessoas, uma é autista. No Brasil, a estimativa é de que ao menos três milhões de pessoas sejam autistas, conforme ressaltou a psicóloga e diretora da clínica do Centro de Diagnóstico e Intervenção do Neurodesenvolvimento (Cedin), Amanda Bueno. Na sua apresentação, ela reforçou a necessidade dos familiares em buscar sempre o apoio especializado de profissionais e da comunidade científica, para um diagnóstico precoce e para o devido acompanhamento e orientação.

Da mesma forma, a médica neuropediatra Mariane Wehmuth também alertou para a importância das pessoas buscaram a informação corretamente, quando do diagnóstico do autismo. “Temos muita informação à disposição e isso causa dúvidas nos pais, que acabam recorrendo à internet ou àquelas fórmulas mágicas de tratamento, quando descobrem um familiar com autismo. Isso está errado, porque muitas destas informações não são confiáveis, não têm respaldo médico ou científico. É preciso buscar o profissional da área”. Ela ainda sugere aos pais que, além do diagnóstico precoce, procurem promover o estímulo das crianças e buscar a terapia adequada, além da inclusão escolar, pois é preciso mostrar à sociedade a necessidade de superar o preconceito e cobrar a implantação de políticas públicas quem atendam as pessoas com o transtorno do espectro autista.

Na opinião da psicóloga e diretora da Self Center Clínica Psicológica, Maria Helena Jansen de Mello Keinert, além do foco nas crianças, também é preciso pensar nos familiares. “Estamos tendo cada vez mais casos de autismo. Há 25 anos era um caso diagnosticado a cada dez mil pessoas. Hoje este universo diminui para pouco mais de 60. Em Curitiba e no Paraná estamos mais avançados nas políticas de apoio e proteção do autista. Além do diagnóstico precoce, que permite uma intervenção com melhores resultados de desenvolvimento, temos que pensar no treinamento dos pais, dos professores”.

A pessoa com o transtorno do espectro autista geralmente tem a comunicação e a interação social prejudicadas. Conforme explicou o médico geneticista e presidente da Sociedade Brasileira de Genética, Salmo Raskin, 40% dos casos de autismo tem relação genética. “Além da questão genética, temos também fatores relativos ao meio em que se vive. Precisamos propiciar o melhor atendimento público de saúde a estas pessoas, até por uma questão de justiça e de direito, embora a sociedade já esteja com melhor compreensão sobre o autismo nos últimos dez anos”.

Pais de autistas também falaram sobre os desafios enfrentados diariamente para o desenvolvimento das crianças, especialmente diante da falta de uma política pública inclusiva. Neste particular o gestor social Nilton Salvador enalteceu a iniciativa da Assembleia Legislativa em promover um seminário especialmente para chamar atenção sobre o tema.

Muitos dos pais e mães presentes ao seminário também fundaram e integram entidades de apoio, como é o caso de Fernanda Rosa, do Anjo Azul, e de Rosimeri Benites, presidente da Associação de Amparo e Apoio ao Autista (Aampara). “Este evento ajuda a quebrar paradigmas e mostra que as crianças podem conviver com outras pessoas, interagir com a sociedade, e que são afetuosas. Importante iniciativa do deputado Péricles, tanto como autor da lei, que é inclusiva, com por realizar este debate público. Nosso próximo passo agora é buscar este centro de apoio para as crianças e para os pais e mães”, comentou Fernanda Rosa.

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