Guerra na Ucrânia expõe equívocos da Petrobras em unidades no Paraná Audiência Pública promovida pela Assembleia Legislativa debate situação de fábrica de fertilizantes fechada e refinarias no estado.

30/03/2022 18h10 | por Ana Luzia Mikos
A Situação das Unidades da Petrobras do Paraná foi tema de audiência pública na Assembleia Legislativa, proposta pelo deputado Tadeu Veneri.

A Situação das Unidades da Petrobras do Paraná foi tema de audiência pública na Assembleia Legislativa, proposta pelo deputado Tadeu Veneri.Créditos: Mariana Andreatta

A Situação das Unidades da Petrobras do Paraná foi tema de audiência pública na Assembleia Legislativa, proposta pelo deputado Tadeu Veneri.

A Situação das Unidades da Petrobras do Paraná foi tema de audiência pública na Assembleia Legislativa.Créditos: Mariana Andreatta

A Situação das Unidades da Petrobras do Paraná foi tema de audiência pública na Assembleia Legislativa.

A guerra promovida pela Rússia contra a Ucrânia reforçou o impacto de ações equivocadas da Petrobras em relação a unidades da empresa instaladas no Paraná. A conclusão é dos participantes da Audiência Pública realizada nesta quarta-feira (30), pela Assembleia Legislativa do estado. O debate foi promovido pelo deputado Tadeu Veneri (PT), a pedido do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas do Estado do Paraná (Sindiquímica-PR).

 “A guerra mostrou o estrago da Petrobras em fechar as plantas e reforçou nossa dependência de fertilizantes”, afirmou Henrique Janger, analista do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

O foco dos debates foram três importantes unidades no estado. A fábrica de fertilizantes (Fafen-PR), em Araucária, que foi fechada em janeiro de 2020; a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), de São Mateus do Sul, que já está em processo de venda; e a Refinaria Getúlio Vargas, em Araucária, também na lista das privatizações.

“O Paraná é o exemplo de tudo que está acontecendo com essa política de priorizar os lucros e dividendos e causando impacto na população brasileira”, concluiu Mario Dal Zot, presidente da Associação Nacional Dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro), vice-presidente da CUT/PR, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindipetro PR/SC e coordenador setorial de Energia do Partido dos Trabalhadores.

“Hoje estão disputando fertilizante à tapa pelo mundo. Vão faltar grãos mesmo depois da guerra, até a engrenagem voltar ao normal. E nós estamos virando reféns do que não precisávamos, como fertilizantes e derivados de petróleo”, criticou Gerson Castelano, integrante da Industrial Brasil e diretor de Relações Internacionais da FUP.

“Neste momento de alta nos preços, a Repar teria uma produção importante e estratégica. Mas, tem produzido menos do que a demanda da região nos últimos cinco anos, utilizando 83,3% da capacidade”, citou Cloviomar Cararine, analista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Ele ainda contesta os argumentos usados a favor da venda dos ativos e saída da empresa do estado. “Não haveria a redução da dívida e estudos também mostram a possibilidade de não haver redução de preços dos combustíveis. E a empresa ainda é uma das maiores em contribuição com o ICMS para o estado”, ponderou.

A vereadora de Curitiba, Professora Josette (PT), também criticou o que considera um retrocesso com o fechamento da Fafen, além de projetos de novas plantas esquecidos e abandonados. “O Governo usa guerra como desculpa, mas o que falta é um projeto estratégico para o país criar a sua autonomia em diversos setores”, comentou.

Santiago Pereira, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores Petroquímicos do Estado do Paraná, ressaltou o impacto social das decisões da empresa. “É uma esquizofrenia da Petrobras dizer que a Fafen dava prejuízo. Mais de mil pessoas ficaram desempregadas, fora toda a cadeia produtiva. E agora a empresa vai deixar de pagar plano se saúde coletivo de 100 funcionários que dedicaram toda a vida ao trabalho e serão abandonados. Isso beira o sadismo”, definiu.

Alexandro Guilherme Jorge, presidente do Sindicato dos Petroleiros do PR e SC Sindipetro-PR/SC diz que esse caminho da privatização e sucateamento vai além do processo de venda e atinge também as pessoas, “com cada vez menos trabalhadores, cada vez mais sobrecarregados e em uma das indústrias mais perigosas”.

Para o deputado Professor Lemos (PT), a Petrobras é um patrimônio muito importante do povo brasileiro. “Tem a ver com a nossa soberania. Não podemos que nossa maior empresa seja entregue à sanha do mercado, seja interno ou internacional”, acrescentou.

O deputado Tadeu Veneri adiantou que deverá promover uma nova rodada de debates sobre o tema, agora que os trabalhos na Assembleia Legislativa serão retomados 100% de forma presencial.

Aluguel da própria casa

Uma das principais críticas foi sobre o processo de venda da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), de São Mateus do Sul.

“A Petrobras chegou ao Paraná em 1959, com a SIX, onde há uma das maiores reservas do mundo. A unidade teve um lucro de R$ 250 milhões e foi vendida por R$ 170 milhões, correspondendo a menos do que um ano de lucro”, citou.

Segundo os especialistas, a empresa é a única no mundo que explora o Xisto de forma não convencional, com toda tecnologia desenvolvida no Brasil e possui um parque de pesquisa e desenvolvimento que é maior do mundo.

“Esse parque foi vendido junto com todo o conhecimento agregado. Foi entregue sem computar preço nisso. E a Petrobras vai arrendar por dez anos algo que era dela”, disse Mario Dal Zot.

“É como pagar aluguel para morar na própria casa”, comparou o deputado Tadeu Veneri.

 

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